O bidé machista
No percurso, que há muito não fazia, para Ponte de Lima, parei numa área de serviço. É daquelas que têm, nas instalações sanitárias, um anunciado novo conceito.
Já o conhecia, de algumas áreas a caminho de Lisboa, e preparei-me portanto para ouvir o chilreio de passarinhos enquanto tratasse do assunto entre mãos que lá me levara.
Mas nada, se lá estivesse outro caramelo ainda poderia ouvir algum ruído, de resto dispensável, mas nem vivalma, graças a Deus.
Comentei que, se não há passarinhos, ficava sem perceber em que consistia o conceito, e foi-me dito que as sanitas têm descarga automática – uma pessoa levanta-se e imediatamente se abre uma catarata de águas higiénicas.
Gostei de saber, e perguntei se havia bidés. Que não senhor, não havia.
Quer dizer que, no velho conceito, a ausência de bidés se explicava pela atávica ignorância do cidadão comum, tradicionalmente porco, e que por isso julga que aquela louça sanitária só serve para mulheres, confiando ele num papel que, segundo uma lenda persistente, é higiénico.
Mas não. No novo é igual.