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Delito de Opinião

O admirável tempo novo

Diogo Noivo, 13.02.16

Acabaram-se as dúvidas. O Governo dissipa a cortina de fumo que tem alimentado no Parlamento e em plateaux televisivos com a simples alteração de uma palavra: onde se lia “redução” da carga fiscal lê-se agora “manutenção”. Numa errata invulgarmente extensa, entre a correcção de gralhas e pequenos ajustes no texto, o Executivo de António Costa reconhece o que já era evidente para a maioria dos observadores. Afinal, não se vira a página da austeridade o que, consequentemente, atesta que toda a base do argumento socialista nas últimas eleições cai por terra. Não fosse a mentira um exclusivo dos partidos de centro-direita e o actual Executivo (bem como os partidos que o apoiam) seriam acusados de faltar à verdade.

 

[Adenda] Parece que há errata da errata. Alguns poderão pensar que se trata amadorismo, mas creio que não. Temo que seja método. Ocorreu algo parecido com as 35 horas. Em campanha, era para implementar de imediato. Chegados ao Governo, afinal só depois de 1 de Julho. Isto na opinião do Primeiro-Ministro, pois o Ministro das Finanças não se queria comprometer. Então, assumiu António Costa o compromisso para pouco tempo depois Mário Centeno afirmar que só seriam aplicadas se não tivessem impacto orçamental. Hoje, no Expresso, António Costa já fala das 35 horas como fetichismo. Confuso? Não vale a pena. É o tempo novo.

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