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Delito de Opinião

Nove anos depois: vir para ficar

Pedro Correia, 05.01.18

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Nascemos sob o signo do Capricórnio, como ficou sublinhado no momento inicial. Um signo do elemento Terra, com densidade e peso, apreciador da substância e da solidez.

Características que de algum modo conformaram este blogue desde o nascimento. Um blogue que veio para ficar e pegou de imediato: ainda a nossa primeira semana de vida não chegara ao fim e já tínhamos ultrapassado o milhar de leitores. Consulto as mais recentes estatísticas: nos quatro primeiros dias de 2018 superámos as 17 mil visualizações.

 

O que logo muitos prediziam naqueles dias pioneiros de Janeiro de 2009 estava certo: este não era um blogue como então havia tantos outros, de existência efémera e rasto irrelevante. Nem um blogue monolítico, com todos a remar para o mesmo lado.

Este pluralismo está aliás inscrito no nosso estatuto editorial: o DELITO DE OPINIÃO "acredita na diversidade de ideias, sem contemporizar com extremismos de qualquer espécie, e congrega autores oriundos de diferentes formações académicas, múltiplas áreas profissionais e várias zonas do País".

 

Sem delitos de opinião, portanto, este é um blogue onde mais de meia centena de autores já escreveram com regularidade. Um blogue onde quase três centenas de internautas de outros paradeiros vieram escrever, como convidados especiais. Hoje mesmo, com todo o gosto, recebemos mais uma convidada. Que, sendo de fora, não deixa de ser cá de casa.

Porque este foi um blogue que nunca receou a concorrência. Fizemos sempre questão de citar os outros: não passou um só dia sem mencionarmos alguém alheio a nós. Por isso mantemos com orgulho uma profusa lista de endereços de blogues na nossa aba lateral. Por isso criámos desde o início a rubrica Blogue da Semana. Por isso já estabelecemos aqui quase mil ligações directas, recomendando outras leituras, bem diversas da nossa. Por isso nunca perdemos a noção de que o País está muito longe de se circunscrever aos circuitos da capital: cá temos a rubrica De Portugal Inteiro para nos lembrar isso.

Convictos da nossa argumentação mas sabendo escutar os outros. Com ideias fortes mas sem espírito de trincheira. Assumindo opiniões com nome e rosto. Não pedimos licença para pensar como pensamos - e cada um pensa por si - mas mostrando abertura para acolher argumentos alheios. Daí outra rubrica permanente deste blogue: o Comentário da Semana, escolhido à vez por cada autor. Conscientes como estamos de que um projecto como este não faz sentido sem dar voz a quem nos lê.

 

"Primeira escolha da semana em 2009, um blogue novo, um sinal de renovação, ainda que os nomes envolvidos sejam quase todos eles de bloggers bem activos." Palavras do saudoso Pedro Rolo Duarte aos microfones da sua Janela Indiscreta. Foi um dos primeiros a saudar-nos com palavras de boas-vindas, abrindo o caminho a muitos outros. Palavras que nunca esqueceremos. E que nos deram ainda maior incentivo a prosseguir. Sem nunca mutilarmos consoantes: aqui escreve-se sem "acordo ortográfico".

Alguns pioneiros deste clã delituoso ficaram pelo caminho. O João Carvalho e o Joaquim Coutinho Ribeiro, companheiros da primeira hora, já cá não estão: serão sempre lembrados com saudade.

Felizmente outros foram chegando. Esta é hoje, como no primeiro dia, uma tribo irreverente e ruidosa, que nunca se toma demasiado a sério nem perde o sentido de humor. As caixas de comentários do DELITO, sempre muito frequentadas, são igualmente prova disso.

 

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Temos um novo desafio pela frente, prestes a concretizar-se: a edição de uma antologia de textos deste blogue. É outra iniciativa só tornada possível pela grande adesão dos nossos leitores. Vocês, que estão desse lado, e que no fundo são como nós: emocionam-se e reflectem, umas vezes alegram-se e outras zangam-se, sabem apreciar tanto um livro como uma bebida ou uma paisagem.

Aqui continuaremos a encontrar-nos - hora a hora, dia a dia, mês a mês. Neste blogue, que é nosso mas também é vosso. No livro, a curto prazo. E na vida, que nunca deve confundir-se com realidades virtuais.

Emitindo opiniões sem delito.

Agora como no primeiro dia, faz hoje nove anos.

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