Notas sobre o Executivo de Costa
Do governo de António Costa pouco tenho a dizer (e haverá quem, com toda a razão, se pergunte porque escrevo o post). Dos nomes que conheço, Vieira da Silva parece uma boa escolha para a Segurança Social dado o seu peso político, a sua experiência e a natureza sensível da pasta. Santos Silva parece também bem escolhido para os Negócios Estrangeiros: é polémico mas aberto a discussões, tem também peso político e é um europeísta convicto. Capoulas Santos parece ser um nome óbvio mas numa pasta que conheço mal. Cabrita teve um episódio no parlamento acerca de um microfone que não augura coisas boas para um governo que dependerá tanto da Assembleia da República. João Soares poderá trazer peso à Cultura e, se souber escutar os interlocutores, poderá ter um bom mandato (não se esperem milagres, no entanto).
Dos outros conheço demasiado pouco. Centeno é-me conhecido apenas do "programa económico" do PS. De Leitão Marques conheço o nome em Coimbra, de um ou outro post no Causa Nossa e pouco mais (se foi responsável pelo "Simplex" terá pelo menos experiência em tarefas complexas e abrangentes). De Manuel Heitor conheço o nome, tal como de Caldeira Cabral, Ana Paula Vitorino ou Azeredo Lopes. Infelizmente pouco mais.
A única excepção é Tiago Brandão Rodrigues, que conheço dos tempos de Coimbra. Do que conheço dele pessoalmente não tenho forma de dizer se dará um bom ministro da educação (espero que sim). Esperaria mais que aparecesse na Ciência e Tecnologia, mas Costa lá saberá.
Únicos dois comentários extra: é bom ver um governo com uma ministra negra. Portugal não é um país activamente racista mas o racismo passivo continua a fazer-se sentir em pequenas coisas. Por outro lado é pena ver tão poucas mulheres no governo. Não é preciso fazer um esforço para encontrar mulheres competentes (serão 50% do pool), pelo que não é necessário sacrificar essa vertente. Para encontrar um executivo mais paritário bastaria um pouco de vontade política. E num governo tão dependente da AR, ter mais mulheres poderia ser uma vantagem*.
* - sei que me meto em areias movediças com esta opinião. A minha lógica é a seguinte: as mulheres enfrentam mais dificuldades de progressão nas suas carreiras, pelo que se habituam mais a negociações, cedências e aceitação de outros pontos de vista. É neste aspecto que mulheres poderiam oferecer uma vantagem extra ao governo nas suas negociações parlamentares (e com outros parceiros sociais).