Nobel: quem foram os escritores portugueses propostos para o prémio?
Aquilino Ribeiro (1960), Ferreira de Castro (1952, 1969, 1970) e Miguel Torga (1959, 1961, 1962, 1965, 1966)
Em 115 anos de distribuição do Prémio Nobel da Literatura, Portugal teve até hoje apenas um laureado: José Saramago, distinguido em 1998 - talvez não por coincidência apenas três anos após a publicação da sua obra-prima Ensaio Sobre a Cegueira, que daria um inspirado filme produzido em Hollywood.
Mas valha a verdade: não foi por falta de tentativas que só tivemos até agora um vencedor. A recente abertura aos investigadores dos arquivos do Comité Nobel permitiu saber em pormenor quem foram os escritores considerados em cada ano, desde 1901 até há meio século (de 1972 para cá, as opções do júri continuam abrangidas por cláusulas de confidencialidade).
Na parte que nos toca, é possível concluir isto: nunca faltaram candidatos das letras lusas. Logo desde o primeiro ano, quando foi proposto para o Nobel o dramaturgo D. João da Câmara.
O problema é que quase nunca as sugestões formalmente apresentadas em Estocolmo eram dignas de crédito - por deixarem de fora os melhores escritores da sua época (Torga e Aquilino figuraram entre as raras excepções) e valorizarem nomes de terceiro ou quarto plano, hoje totalmente esquecidos.
Como se pode comprovar pela lista que se segue:
1901: D. João da Câmara (proposto por Joaquim Coelho de Carvalho)
1907: João Bonança (proposto por Teófilo Braga)
1933: António Correia de Oliveira (proposto por 20 membros da Academia das Ciências de Lisboa)
1934: António Correia de Oliveira (proposto por Knut Hammarskjöld, Alberto de Oliveira, Agostinho de Campos, Alfredo da Cunha e Luís da Cunha Gonçalves)
1935: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por Bento Carqueja) e António Correia de Oliveira (proposta por Alfredo da Cunha e Luís da Cunha Gonçalves)
1936: António Correia de Oliveira (proposto por Luís da Cunha Gonçalves)
1937: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e António Correia de Oliveira (proposto por Luís da Cunha Gonçalves)
1938: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e António Correia de Oliveira (proposto por Antero de Figueiredo)
1939: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e António Correia de Oliveira (proposto por Pel Hallström)
1940: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e António Correia de Oliveira (proposto por António Mendes Correia)
1941: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião)
1942: António Correia de Oliveira (proposto por Knut Hammarskjöld e António Mendes Correia), Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e Teixeira de Pascoaes (proposto por João Mascarenhas Júdice)
1943: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e Teixeira de Pascoaes (proposto por João Mascarenhas Júdice)
1944: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e Teixeira de Pascoaes (proposto por João Mascarenhas Júdice)
1945: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião)
1946: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião)
1947: Maria Madalena Martel Patrício (proposta por António Baião) e Teixeira de Pascoaes (proposto por João Mascarenhas Júdice)
1948: Teixeira de Pascoaes (proposto por João Mascarenhas Júdice)
1950: Júlio Dantas (proposto pela Academia das Ciências de Lisboa)
1951: Júlio Dantas (proposto pela Academia Brasileira de Letras e por Knut Hammarskjöld) e Ferreira de Castro (proposto por Holger Sten)
1952: Ferreira de Castro (proposto por João de Barros)
1959: Miguel Torga (proposto por Jean-Baptiste Aquarone)
1960: Aquilino Ribeiro (proposto pela Sociedade Portuguesa de Escritores) e Miguel Torga (proposto por Émile Planchard)
1961: Miguel Torga (proposto por Hernâni Cidade)
1962: Miguel Torga (proposto por Hernâni Cidade)
1965: Miguel Torga (proposto por Göran Hammarström)
1966: Miguel Torga (proposto por Jean-Baptiste Aquarone)
1969: Ferreira de Castro (proposto por António Olinto Rocha e Vitorino Nemésio)
1970: Ferreira de Castro (proposto por António Olinto Rocha)