No país das maravilhas
Quase um mês depois da eleição para a Assembleia da República, que quase todos os partidos políticos consideravam urgentíssima ao ponto de terem defendido o escrutínio logo para 9 ou 16 de Janeiro, Portugal continua sem parlamento, sem governo - e sem oposição. Porque nem o Ministério da Administração Interna nem os grupos parlamentares alteraram as regras da votação dos emigrantes na legislatura agora finda, dando origem à monumental trapalhada que forçou à intervenção do Tribunal Constitucional. Isto quando a Rússia e a Ucrânia mergulham em estado de guerra, perturbando todo o equilíbrio geopolítico à escala continental, e a OCDE alerta para a mais elevada taxa de inflação global em 25 anos.
Talvez para preencher o imenso vácuo nesta doce pátria, o nosso afável Comandante Supremo mergulha nas salsas ondas e concede entrevistas em calção de banho a repórteres que vão à praia de máscara. Só faltou saber se apanhou conchinhas.