No Ginjinha Popular
Venho à Baixa, o que me é tão raro. Subo um pouco a avenida, numa entrega que me cumpre. Estanco diante deste magnífico Hotel Vitória - há quantos anos não olhava para ele. E noto-lhe mesmo uma bela característica, por nesta ala é agora o único sítio que não vai como loja gentrificada. E roubo esta pobre imagem enquanto entoo - por essa razão, suficiente - "Avante, Camaradas!".
Depois desço, à das Portas de Santo Antão, já apenas em breve passeio. Mas iro-me, cruzando estes pacóvios wine bar, pindéricos coffee and toistery,, miseráveis kebabes, explode-me a imprecação agourenta diante de uma "tapas de Sevilha" no centro da minha capital (!) - como se atrevem eles?, ainda se fosse uma tasca galega, de tonel à porta -, e já nem o "Inhaca" fronteiro ao Gambrinus encontro.
Mas, de súbito, deparei-me com uma ainda tasca lisboeta. Acorro à esplanada, a colher alento. Passa uma pequena tuna, de quase caloiros decerto, a trautearem - muito mal, coitadinhos - uma qualquer dos velhos Delfins. Sorrio, revitalizado.
E, ao simpático empregado, cancelo a bica pedida, lembro-me do passado como era e chamo por uma imperial com um panado, isso que se comia e há que anos não lhe chego. Vem ele como deve de ser, carcaça já algo serôdia, carne encarquilhada, o travo a augurar uma leve e tão desejada azia.
E assim estou aqui, feliz no Ginjinha Popular, este sem ademanes nem requebros. Pois, como se canta em Moçambique, "juro, sinceramente, palavra de honra, vou morrer assim". Português...