No deal.
As relações entre Estados não se baseiam em juízos de culpa, moralismos ou piedade. Baseiam-se em encontrar hipóteses de acordo que permitam chegar a um ponto de equilíbrio. E quanto aos tratados, eles não são imutáveis, podendo e devendo ser rapidamente modificados se as circunstâncias se alteram. Hoje já ninguém se lembra de quando a Senhora Thatcher descobriu que o Reino Unido estava a ser o maior contribuinte líquido para a então CEE. Chegou ao Conselho Europeu e disse apenas as seguintes palavras: "I want my money back". Os restantes membros do Conselho deram-lhe razão e o Reino Unido passou a receber anualmente uma devolução das suas contribuições, o famoso cheque britânico. Na altura ninguém falou em tratados e compromissos e se tivesse falado, já se sabe a resposta que teria da Dama de Ferro.
Hoje a situação é similar: a Alemanha é o único país que está a ganhar com o euro, estando todos os outros a perder. Tem por isso toda a lógica que a Alemanha pague em contrapartida dos benefícios que está a ter. Caso contrário os outros países terão que sair do euro, tornando a moeda insustentável. Hoje é a Grécia, amanhã será Chipre, e depois virão os outros. Pode levar décadas, mas depois de um sair, o dominó será implacável.
É por isso que não vale a pena esperar por um acordo em relação à Grécia. Tsipras e Varoufakis preferem sair do euro, a continuar com estes resgates disparatados, como bem aqui se salienta. E Schäuble não prescinde da sua irredutibilidade, preferindo acusar os eleitores gregos de irresponsabilidade. Por aqui se vê como a União Europeia não passa afinal de um gigante com pés de barro.