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Delito de Opinião

Natal e Fim de Ano

João André, 23.12.22

Desde que era pequeno que tenho festejado de uma forma ou outra o Natal. Tinha até uma certa sorte de ter duas noites de Natal, dado que o meu avô paterno era sacristão e, como tinha que estar de serviço à missa a 24, só reuníamos a família paterna na noite de 25. Duas noites de Natal consecutivas e, tendo eu o meu aniversário em Dezembro, até tinha direito a receber múltiplas prendas porque toda a gente se lembrava "ah pois, o Joãozinho fez anos há pouco tempo".

Devo notar no entanto que nunca foram noites de Natal muito religiosas. Lá havia a referência a prendas "do menino Jesus", coisa que me deixava confuso com a logística dele e do Pai Natal em entregar as prendas - lá me convenci que o Pai Natal deixava Portugal para o Menino Jesus e que dividiam territórios - mas fora a história de o meu avô ser sacristão, não tínhamos grande presença da religião. Era uma festa de família. Com os anos isso não mudou. Cresci não crente (que é uma maneira mais simpática de dizer ateu até à medula num blogue povoado de bons cristãos cuja Fé não quero incomodar) e como tal a religião sempre foi como a água num submarino: está ali em todo o lado mas não entra. É o ambiente em que me movo neste período - não nego a religiosidade do Natal, como é óbvio - mas deixa-me indiferente. Adiante, isto não era para falar de religião especificamente. Esclarecimento feito.

Hoje, numa Holanda que dá relativamente pouca importância ao Natal no sentido que nós o damos, numa família internacional onde a minha cara metade não liga ao dia 25, e com os preços dos bilhetes de aviões a tornarem uma viagem a Portugal um custo ridículo para 7 ou 8 dias passados essencialmente em casa, acabei por ir ligando pouco. Temos as prendas, a árvore, amanhã haverá Bacalhau e os telefonemas à família e... já está. Aproveitarei o dia 26 ser feriado por cá, tirarei o resto da semana porque também preciso de descansar e estará feito o período festivo. Penso que esta falta de espírito natalício advém também de não ver televisão (as transmissões, que temos o aparelho) e não ser inundado pelos votos de Boas Festas! a cada 5 minutos. Nas ruas ao redor não há decorações festivas, as lojas não fazem grande esforço (as prendas foram no período do Sinterklaas - São Nicolau - a 5-6 de Dezembro) e a atmosfera não existe.

O fim do ano torna-se assim apenas isso, um final de ano. Um momento para balanços do ano, de pensar no que foi e vai ser, de enviar os votos de boas festas a amigos e colegas e de desejar que este mundo louco melhore.

Então, e respeitando esta lógica, deixo aqui os meus desejos de um Santo Natal a quem o festeje de forma religiosa, bom período festivo a outros que festejem o Natal, feliz Hanukkah (tenho dois amigos que o festejam e como tal lembro-me dele) a quem o celebre e votos que para o ano de 2023 as coisas não piorem - já seria um passo em frente em relação aos últimos anos. Gostaria de ser mais festivo, mas talvez me falte o espírito ou talvez eu seja simplesmente um pessimista. Seja como for, bom Natal, bom Ano Novo e muita saúde para vós e vossos, co-autores e leitores.

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