Natal 2021
(Comunicado emitido nas redes sociais durante a tarde de ontem, 24.12.2021)
Mesmo que vá cultivando esta pose, empiricamente fundamentada, de envelhecido ogre ensimesmado, há dias acorri a um convite convivencial que me fora endereçado por uma beldade amiga - sei que esta expressão convocará a repulsa, quiçá denunciatória, daquel@s que nisto verão a pérfida objectivação das membras da sororidade global, bem como a indignação de todes que a compreenderão como uma vilania homo e transfóbica. Espero que a quadra natalícia propicie alguma distracção nos postos de vigia internética...
Ontem a referida beldade anunciou-me ter descoberto que é portadora do vírus Covid-19, de variante (ainda) desconhecida. Algo que me promoveu sinceras preces ateias em prol da sua delicada saúde. Mas também cuidados próprios, socialmente consagrados. Nesse sentido estreei-me, aos 23.12.21, na auto-vasculha nasal, fazendo-o com a competente intensidade que as feridas que mostro na foto anexa poderão comprovar.
O resultado do teste foi negativo e inexistem sintomas da maleita, ainda que isso não exclua a possibilidade de ser eu também portador viral. Como tal recolhi ao isolamento profiláctico, acantonado no meu quarto, rodeando-me de livros que não (re)lerei. E nisso libertando a família mais próxima do ónus da minha presença na consoada e subsequentes repastos.
Em conversa com a referida paciente referiu-me ela algo que eu já havia notado: a radical redução das mensagens de Boas Festas. Já nem nos referimos aos arqueológicos cartões. Mas ao fluxo no vetusto email, nas mensagens sms ou mesmo no fb. Aproveito assim para desejar, sem maçar ninguém em especial, umas pessoais "Boas Festas" aos meus amigos reais - sendo que a maioria deles não anda por aqui, e por um simples razão: as "redes sociais" são o oposto do consagrado "charme discreto da burguesia", e nelas botar coisas, ainda para mais de índole pessoal, é sentido como basto "popular".
Ainda assim e também para esses meus amigos pessoais, e a alguns familiares a quem ainda não avisei, deixo nota não só do meu bem-estar físico, do meu regular estado psicológico (ou seja, a mesma merda de sempre) ainda que isolado. E esclareço que estou provido de uma boa consoada, pois decidi que será composta de uma Alheira de Mirandela marca "Pingo Doce", um ovo estrelado criado no solo, de similar origem, batatas cozidas debruadas com fio de azeite "Oliveira da Serra", acompanhado de cerveja "Argus" obtida no sempre simpático Lidl e um tinto "Guarda Rios", apresentado como "monovarietal" da casta Syrah produzido num terroir alentejano, que máscula mão amiga me ofertou.
Presumo que no final do repasto usarei um cálice do afamado "Queen Margot" para brindar à paz no mundo e para desejar aos meus amigos um Bem Hajam. Ou, em sinónimo, desejando-lhes Parabéns!