Não se entende
É espantoso como as nossas vidas mudaram em 50 anos: conforto, energia abundante, diversidade da alimentação, a facilidade com que se comunica, aprende e viaja. Não é preciso ser rico para viver como um rico de há meio século. O turismo low cost, a dieta sofisticada, a informação que, no passado, era só para alguns. Podemos descarregar bibliotecas de clássicos para aparelhos de baixo custo. Usando um dispositivo banal, podemos ouvir gravações de música sem gastarmos mais do que cêntimos; os nossos telemóveis fazem quase tudo; enfim, não será barato, mas podemos adquirir alimentos exóticos produzidos em locais longínquos. As tecnologias digitais são fantásticas e a globalização é um colosso. Existe o lado sombrio da modernidade, mas não é possível viver tudo isto sem admiração e um pequeno arrepio de assombro. A revolução digital está concluída, a globalização pode recuar, o mundo está perigosamente endividado, vem aí uma nova vaga de inovações cujo impacto ainda não imaginamos. Alguém referia os minúsculos chips que vamos ter nos nossos corpos para vivermos mais tempo ou aprendermos mais depressa. Imagine-se a capacidade de cada um de aprender em minutos uma nova linguagem, por exemplo, solfejo. Há quem fale na iminência da singularidade, existem planos credíveis para colonizar Marte. É fantástico, sem dúvida, o que torna ainda mais estranho o pessimismo contemporâneo. O que leva tantos líderes a falarem obsessivamente de armas e de guerra, quando este admirável futuro está ao nosso alcance?
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