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Delito de Opinião

Não podia ter sido mais leal

Sérgio de Almeida Correia, 13.09.14

"Em fevereiro de 2013, João Miguel Barros, chefe de gabinete da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e homem da sua confiança pessoal, bateu com a porta e avisou que o Citius e outras plataformas informáticas iriam comprometer o arranque do novo mapa judiciário.

Na altura, as verdadeiras razões da demissão permaneceram no segredo dos deuses. Hoje, o DN sabe que a saída se deveu ao alerta do chefe de gabinete de que era necessário rever urgentemente o sistema de informação dos tribunais."

 

No dia em que o João Miguel se demitiu fiquei apreensivo. Porque sabia o trabalho que tinha entre mãos e há muitos anos lhe conhecia o empenho naquilo em que apostava e a sua capacidade de realização. Na altura, sem querer desvendar razões, limitei-me a mandar-lhe um sms com um abraço amigo e disse-lhe que esperava que tivesse sido por boas razões. Ele confirmou-me que tinha sido pelas melhores razões e acrescentou mais duas palavras que a mim me dizem muito, mas que me abstenho de reproduzir, sem me dizer o porquê da sua decisão. Também nunca o questionei sobre isso. Não tinha esse direito. Porque a despeito das divergências políticas há coisas que devem ficar só entre pessoas que se estimam e compreendem. Aos poucos, pelos textos que publicou no Expresso, fui percebendo melhor o filme. O que o DN revela agora só veio confirmar-me o que há muitos anos penso do João Miguel. Há valores que estão acima de nós, que estão para lá da amizade e da política, e que é preciso continuar a respeitar, preservar e transmitir às futuras gerações. Para lá da circunstância de cada um de nós. A lealdade é um deles. Para com os que nos rodeiam. Em especial para com a nossa consciência.

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