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Delito de Opinião

Não passarão

Pedro Correia, 09.01.23

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Brasília, 8 de Janeiro de 2023

 

Falanges mobilizadas pelas redes ditas sociais - cada vez mais instrumentalizadas por poderes ocultos - replicaram, em Brasília, o que as suas homólogas fizeram há dois anos em Washington. Vandalizando as sedes dos três poderes - legislativo, executivo e judicial. Com o aplauso aberto ou encapotado de alguns intelectuais orgânicos, que sonham ver a "rua" derrubar as "elites". Mesmo que as tais "elites" sejam sufragadas pelo voto. Ou sobretudo quando isso acontece. Porque esta gente tem um ódio visceral aos mecanismos da democracia representatitva (que lhes serve quando os deles ganham) e ao Estado de Direito em geral.

Em Janeiro de 2021 na capital norte-americana, ontem em Brasília: acção mimética, obedecendo a um padrão comum. Com uma diferença, apesar de tudo. O "comandante-em-chefe" daquela tropa fandanga, incluindo gente com vocação homicida, não estava longe. Ao contrário do autor moral da baderna brasileira, agora gozando férias em Miami, a confortável distância dos seus capangas.

A estes e a outros - dos separatistas catalães aos "coletes amarelos" em França - há que responder, sem complexos, com a força moral do Estado de Direito. Sempre superior a qualquer "regime" alternativo que proponham fanáticos, extremistas e desvairados de todos os matizes.

Nós, portugueses, sabemos muito bem o que isso é. Também tivemos um cerco ao Palácio de São Bento, onde funcionava a Assembleia Constituinte. Lá dentro estavam 250 deputados eleitos por sufrágio universal. Entre eles Adelino Amaro da Costa, Diogo Freitas do Amaral, Vítor Sá Machado (CDS), Carlos Mota Pinto, Emídio Guerreiro, Helena Roseta, Francisco Pinto Balsemão, Marcelo Rebelo de Sousa, Mota Amaral (PSD), António Barreto, António Arnaut, Jaime Gama, José Medeiros Ferreira, Manuel Tito de Morais e Sophia de Mello Breyner Andresen (PS).

A turba sequestradora da extrema-esquerda, dizendo representar o "povo" contra os "políticos burgueses", vomitava o mesmo ódio à democracia liberal que escorre hoje da matilha bolsonarista

A estes agora, no Brasil, há que dizer sem tibiezas: não passarão. Como não passaram os de sinal contrário, entre nós, em Novembro de 1975.

 

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Lisboa, 12 de Novembro de 1975

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