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Delito de Opinião

Não ir às compras e espairecer

Maria Dulce Fernandes, 27.11.22

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Os perigos de ir às compras são ilimitados. Há mais de seis meses fui com o meu marido às compras a uma grande superfície comercial. Enquanto ele, com as lunetas empoleiradas na ponta do nariz, procurava o 560 nos códigos de barras dos produtos, eu ia seguindo calmamente a dissertar sobre as propriedades e benefícios das bagas goji. Depois de pesar duas beringelas, três courgettes e um pimento de cada cor e enquanto tagarelava alegremente, agarrei-o por um braço e impeli-o na direcção dos escaparates das frutas uns passos mais à frente. Realmente na altura surpreendeu-me bastante a sua relutância e forte resistência em me acompanhar...  
Que raio é que o prendia à caixa dos tomates chucha? Já tínhamos concluído que não eram espanhóis e inclusive pensei que ele já andava com eles na mão, num saco em que os tinha ido pesar. Voltei-me para ele ao mesmo tempo que proferia pespineta: "Então?”... e foi quando dei de caras com um perfeito  desconhecido, completamente atónito por estar a ser arrastado com alguma violência por uma maluca que falava sozinha e lhe perguntava se já tinha os tomates pesados. Alguns metros atrás, o meu marido tinha a cara mais vermelha do que os ditos chucha que trazia no saco, de tanto rir à custa da minha atrapalhação.
Está visto que daí para a frente, em todas as reuniões de família, “Aquilo dos Tomates” passou a ser contado e recontado até à exaustão.
 

Tudo bem, que rir é saudável e é bem feito, porque os devaneios dispersos das senhoras entradotas devem ter um preço, e como diz o ditado "à primeira, qualquer cai; à segunda, cai quem quer," por isso toda a atenção é fundamental se quero manter os meus padrões de pessoa pertinente.

Uns dias antes do meu aniversário, em Agosto, no balcão de reclamações duma outra superfície comercial, confundi um rapazola com o meu genro, filei-o por um braço e disse-lhe "anda, filho." Bem, nem queiram saber a cara que me fez! Um estranho esgar de onde quase se ouvia gritar “Olha olha a velha maluca a ver se me engata! Credo! Eu, uma Cougar, quando o único Cougar que conheço é (ou era) o Mellencamp. 
Aceito sugestões que não passem pela que a minha neta propôs, um colete com o seguinte texto: "Se esta senhora o agarrar, fuja!"
 
(Imagem Google)

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