A "Torre Bela" foi um ícone da Reforma Agrária - aquele momento horroroso em que os miseráveis tomaram os bens dos que tudo tinham, indo estes a coberto daquele imundo regime no qual tantos de nós nascemos e vivemos (oops, "seu comunista!", a cutucar a memória do dr. Salazar, "grande obra, grande homem ...").
(Torre Bela, de Thomas Harlan, 1.21.01 h.)
A "Torre Bela" foi então ocupada e isso foi documentado, num filme de Thomas Harlan - é desse filme o até célebre debate sobre a "farramenta" (a partir dos 24, 48 minutos), quando um dos trabalhadores está renitente em entregar a sua enxada à cooperativa apesar dos esforços do "comissário político". Que magnífico momento, essa discussão, a condensar em registo vox populi vastíssimos confrontos ideológicos e mesmo filosóficos. Extraordinário!
Enfim, o PREC acabou, a paz social regressou, a "ordem e progresso" vigorou. Depois o maldito muro de Berlim caiu, a China tornou-se capitalista - tanto que o engenheiro Sócrates quis ser dela intermediário em África -, os trotskistas e os enverhoxistas já são sociais-democratas, tudo voltou ao estado natural. O nosso país desenvolveu-se na Europa. E nisso a família Lafões reassumiu a sua "Torre Bela" (em tempos adquirida devido à política de "nobility empowerment" seguida durante algum tempo no reino e na república). Neste bom caminho, dito mercantil se assim se quiser, agora mesmo num só dia, e para júbilo orgiástico de 16 afortunados caçadores, ali se abateram 500 e tal animais.
E ninguém lhes dá com a "farramenta" nos cornos.
130 comentários
Anónimo 22.12.2020
Criminosos que deviam estar presos por esta barbárie de matar por prazer. As leis da caça, as coutadas deviam ser revistas,porque num país que se quer civilizado isto é indigno e diz muito sobre o seu povo.
Não é admirar que aconteçam crimes como os do aeroporto pelo SEF, aliás parece que malhar já era uma prática corrente de há muitos anos. Também gostava de saber porque é que o medico legista foi despedido?...
Mas voltando ao tema em questão,Portugal não pode permitir crimes desta natureza, nenhum governo seja ele qual for pode deixar impune um acto destes. Isto é simplesmente, malvadeza humana!!!
As lei da caça, caçadores há muitas décadas que estas matérias deviam ser fiscalizadas,escrutinadas e revistas de forma séria.
Custa ver isto porque estes animais são belos e majestosos e era um gosto vê-los dentro da herdade (viam-se de fora dos muros). Mas na realidade os veados e afins são muitas vezes uma ameaça à biodiversidade, e não me parece que uma caçada numa propriedade privada seja um atentado à ética. Custa ver isto como custa ver matar um porco ou visitar um matadouro. Porque estamos desabituados destas lides. Se aproveitarem a carne, sinceramente não vejo nenhum problema de maior. Nas aldeias da Serra da Lousã não se podem ter colheitas fora de muros tal é a voracidade e a quantidade destes animais.
Carlos: Não merece nenhum barulho. Nós comemos carne e geralmente não comemos bichos vivos. Deixe-os falar. Quantas vacas, porcos, ovelhas se matam por dia? Dá-se muito valor aos bichos e pouco aos humanos. É o PAN, é o PAN, é o bem estar animal!
Senhora Pinho! Ainda não percebeu que o que está aqui em causa é o puro sadismo de matar. Para não falar das autoridades competentes que através da política, nada fizeram e permitiram esta sádica matança.Pois já todos percebemos os interesses que estão por trás disto. Deixe-lá o PAN em paz, mais preocupante é a sua argumentação fraquinha.
"está aqui em causa é o puro sadismo de " É por pensamentos desse género que eu dou muita importância aos que se afogam no Mediterrâneo e muito pouca aos que matam animais (comestíveis. Se é por sadismo ou não confesso que ignoro. E ignoro razão de se ser magarefe).
Para:12:20 É por pensamentos desse género... Que se fazem comentários verrinosos na internet. Mas para si, olhar-se ao espelho está fora de hipótese...
Para: 06:53 Tem razão olhar-me ao espelho está fora de questão,já o anonimeio coitado vive dentro de um espelho amputado de qualquer pensamento e argumentação digna de um verdadeiro Ser Humano. Tenha vergonha da matança!
Para: 17:21 Se o anónimo tivesse um mínimo de auto-conhecimento, saberia que quando tenta atingir alguém, seja com uma palavra seja com uma bala, a hormona que lhe ferve no corpo é exactamente a mesma. Tenha vergonha de se fazer passar por anjinho!
Para:19:02 Nem no dia de Senhor Jesus Cristo! Este pecador/a descansa o seu ódio contra o ambiente e os animais. Congratulo-mo com o seu auto-conhecimento que mesmo sendo de uma pobreza Franciscana, é revelador de si : Como alguém ressabiada/o com a vida que vocifera contra tudo e todos e defensora de campos de extermínio de Veados e Javalis.
Para:12:09 O dia do Senhor Jesus Cristo é o domingo! Hoje é sexta: queres roubar o toucinho ao Maomé? E não me chames pescador que eu não sou S. Pedro nem calço sandálias. E desde quando veados ou javalis são jogadores do Benfica, para eu querer-lhes mal? Ganha juízo.
Para:20:38 Ganha tu Juízo!Comportas-te como uma beata herege, uma ovelha galdéria tresmalhada de certeza devido a uma overdose de filhozes, onde os inocentes Javalis e Veados se juntam a jogadores do Benfica. Isto é coisa de um louco/a ! Vade retro Satanás!!!
Para: 20:56 Afinal o teu problema é sexual! Agora percebo esse distúrbio de pensamentos grupais contra javalis, veados e jogadores do Benfica.Têm tudo a ver! É um bacanal orgástico de prazer . Votos de cura para 2021.
"Custa ver isto porque estes animais são belos e majestosos e era um gosto vê-los dentro da herdade" É verdade. Mas na brasa acompanhados de um bom vinho tinto são muito mais majestosos. Nasci carnívora (ou omnívora) se calhar a culpa é do Darwin (não o que joga futebol).
Os caçadores "não são aquilo". "É uma vergonha. Há quatro ou cinco dias entrámos na Assembleia da República com a contestação a dez projetos anti-caça" e, agora, surge esta polémica, lamenta. "Envergonha muita gente. Eticamente, é uma coisa desprezível." José Bernardino, presidente da Confederação Nacional de Caçadores Portugueses.
Cambada de cínicos! Agora ninguém sabia de nada.Estes energúmenos andaram o dia todo aos tiros e nenhuma autoridade competente se dignou a ir ver o que se passava. E depois do mal feito as lagrimas hipócritas de crocodilo dos partidos políticos que são coniventes e responsáveis por esta mortandade atroz João Dias
"depois do mal feito as lagrimas hipócritas de crocodilo dos partidos políticos que são coniventes e responsáveis por esta mortandade atroz " Claro que são coniventes. Os presidentes de todos os partidos estiveram lá a participar no rega bofe. Se não houvesse partidos é que era bom.
O impacto advém sobretudo da existência da foto, que corporaliza o número, e da "orgiástica" (bem escolhido o termo) publicidade alocada, por parte da empresa espanhola que se dedica a este tipo de eventos. Sem a imagem e sem o comentário que lhe subjaz, o assunto teria passado bem mais despercebido. Um ponto que pode ajudar a fazer compreender a situação: não era suposto numa época normal haver lá uma manada tão numerosa. Foram várias as "caçadas" anuladas durante o ano à conta do Covid, o que resultou numa superpopulação da coutada. Haveria outras alternativas a este extermínio? É certo que o plano de impacto ambiental da futura central fotovoltaica a instalar naqueles terrenos prevê a transferência dos animais para um cercado próximo. Mas provavelmente o cálculo foi feito a um número muito mais reduzido. E penso que é o que irá acontecer com os espécimes que sobreviveram à "acção de controlo". Foram respeitados os procedimentos? Como de costume, já começamos a assistir ao típico lava-mãos: "Nós não fomos avisados", "Nós não sabíamos de nada". Ainda se vai descobrir que a culpa, afinal, é dos ucranianos. As pessoas comovem-se e indignam-se? Claro que sim, sobretudo aquelas que numa ingenuidade alucinada acreditam que a sede de violência e o prazer de matar no ser humano são um distúrbio, ou no mínimo um instinto facilmente sublimável. E daqui a um mês já todos sorrirão ao ver o ar deliciado com que o canídeo ou o bichano lá de casa consome aquela refeição gourmet elaborada à base de carne de caça...
Um ponto que pode ajudar a fazer compreender a situação: não era suposto numa época normal haver lá uma manada tão numerosa.
Outro ponto que pode ajudar a fazer compreender a reação: o abate foi (pelos vistos) efetuado por caçadores espanhóis, a mando de uma empresa espanhola. A carne irá toda para Espanha. Os caçadores portugueses ficaram invejosos. Não há direito, andarem a criar tantos veados cá em Portugal para depois serem os sacanas dos espanhóis a caçá-los todos, e não sobrar nem um para nós!
Uma vez li esta anedota (era num tempo em que se faziam muitos esforços para libertar uma baleia presa no gelo). Perguntaram a uma criança (esfomeada) da Somália: Que queres ser quando fores grande? Resposta: quero ser baleia para que me dêem comida. Se hoje perguntarem a um refugiado que se afoga no Mediterrâneo: que gostarias de ser? Ele talvez responda: javali ou veado para ser protegido. E para se preocuparem com o meu bem estar.
Os snipers estavam ou não autorizados a matar os mamíferos? Se não, incorreram num crime pelo qual têm de ser punidos, se sim, são estúpidos, mas por enquanto isso não é crime (felizmente). Volta e meia aparecem uns quantos na televisão a queixar-se do excesso de população de javalis (assumo que não tenham muitos predadores por cá), e de que deviam deixar que os caçadores a reduzissem. Era este o caso? Que os veados e javalis sirvam para encher a barriga a quem precisa. Não deve haver falta de bocas para alimentar em tempo de pandemia.
"Acredita mesmo que esta carne vai parar a bocas com fome?" Acredito (confio no Homem). Mas posso estar enganado (o que seria demasiado horrível). Pensando bem, os homens até se matam em guerras e os que matam mais são chamados heróis e cantados em poemas épicos. Se calhar a Cristina tem razão e eu não.
João, carne desta, se chegar aos talhos, é vendida a preços proibitivos! Este extermínio, apesar de ter acontecido numa propriedade portuguesa, foi organizado por espanhóis e muitos dos atiradores eram dessa nacionalidade (não sei se todos). Li que eram 16 e que andaram vários dias aos tiros, a matar uns animais atrás dos outros. Não o incomoda haver mentalidades assim? Li igualmente que, em Portugal, não há capacidade de tratar de tanta carne, ao mesmo tempo, mas em Espanha, sim. É possível que as carcaças para lá sejam transportadas, a fim de a carne ser esquartejada e vendida a quem tem mais posses. Terão um excelente almoço de Natal. As crianças com fome infelizmente continuarão com fome.
Nāo percebo como aí meu ilustre homónimo deu para isto. Com gosto, só mato melgas e mosquitos, mas mete-me muito mais medo a psicopatia misantropa dos amigos dos animais (próxima do idealismo cretino da malta do Torre Bela original) do que (novos?) ricos com falta de gosto abaterem coisas que eu só não como porque são caras.
O JPT fez e bem um Post sobre algo demasiado triste. E agora faz este comentário completamente descabido de uma insensibilidade que mostra bem aquilo que realmente é e pensa. O JPT afinal não percebe nada,do que está em causa ! Mais respeito!
Ricardo Nunes sou obrigado a explicitar algo, independentemente de considerações sobre o conteúdo do postal e dos comentários: o jpt (eu mesmo) fez um postal; o JPT (ele, meu homónimo maiúsculo) fez um comentário. É assim, desde há muito. Eu tenho que conviver com quem insiste em chamar-me JPT, pois sei que não é acto insultuoso. Por vezes até será respeitoso, isso de me darem maiúsculas. Mas sou, e serei, jpt. Qual a razão desse meu minusculamento? Não sei, esqueci-me. Mas comecei a blogar assim e pronto, assim continuei.
Caríssimo comentador, há o "jpt", que escreveu o post, e o "JPT" que sou eu, que já comentava por aqui antes do meu "ilustre homónimo" (não leu essa parte do comentário, foi?) postar neste blogue. Agradeço, em todo o caso, a confirmação dos meus preconceitos sobre o "ratio" intelecto/emoção dos "amigos dos animais".
Adolfo Mesquita Nunes, Ana Lima, Ana Margarida Craveiro, Ana Sofia Couto, Ana Vidal, André Couto, Bandeira, Cláudia Köver, Coutinho Ribeiro, Fernando Sousa, Francisca Prieto, Inês Pedrosa, Ivone Mendes da Silva, João Campos, João Carvalho, José António Abreu, José Gomes André, José Maria Pimentel, Laura Ramos, Leonor Barros, Luís M. Jorge, Marta Caires, Patrícia Reis, Paulo Gorjão, Rui Herbon, Rui Rocha, Tiago Mota Saraiva