Mundial no sofá (7)
Este tem sido um mundial atípico para mim. Pelo que parece, será o mais interessante em termos de futebol jogado desde o EUA/94 ou mesmo Espanha/82. Por outro lado, não tendo televisão em casa, estando há já umas semanas sem internet (é conspiração dos alemães, eu bem digo) e sendo os jogos tão tarde (o que complica ir para um bar ver os jogos quando se tem de trabalhar no dia seguinte), a quantidade de jogos que tenho visto é relativamente reduzida. Por isso mesmo, as minhas observações têm de estar limitadas ao que vi e ao que vou conseguindo perceber. Vamos a elas.
Portugal: entre uma vitória portuguesa e uma derrota americana, a soma tem que dar 5 golos de diferença. Para o Gana a coisa tem que ser completamente ao contrário. O seleccionador americano é alemão e foi o chefe do seleccionador alemão que é um dos seus melhores amigos. Quando o alemão seleccionador americano era o seleccionador alemão, muitos dos actuais jogadores alemães tiveram a sua estreia. O empate serve aoe alemães e americanos (que, para complicar as coisas, têm uns três ou quatro jogadores nascidos na Alemanha). Não fora o Klose andar atrás do recorde de golos do Ronaldo fenómeno gordo fenomenal, a coisa acabaria num churrasco em pleno campo. Assim imagino o Klose a marcar um golo ao fim de 1 minuto de jogo, os americanos a marcarem um 1 minuto mais tarde e o resto da tarde a ser passada em clima de Biergarten.
Grécia: tem que se gostar destes tipos. Continuo sem conseguir chatear-me com eles por nos terem levado o título do Euro 2004. Sei que vão ser postos a andar pela Costa Rica (olha outros adoráveis patifes), mas adorava vê-los a vencer o mundial. A festa seria de arromba. E a seguir provavelmente saíam do Euro...
França: a única selecção que, para mim, demonstrou ser sólida. Deschamps era um médio fabuloso e a peça fundamental da França de 98 e 2000. Como treinador continua a ser excelente. O meio campo atropela jogadores sem dar por ela e o ataque tem um poder de fogo impressionante. Se não implodirem são para já a melhor equipa no torneio.
Robben: a Holanda não me tem impressionado assim tanto quanto isso. A defesa é suspeita, o meio campo anda a repetir as tácticas de 2010 a 75% (sem van Bommel não chegam aos 100) e Sneijder (nota para os comentadores portugueses: lê-se "Snèidér" e não "Chnáider") anda a pouco mais que passear. Mas têm van Persie (golos do nada) e Robben (melhor jogador até agora) em forma. Num mundial atacante isso pode chegar.
Brasil: Chile! Chile! Chile! (quero o Sampaoli no Benfica).
Suárez: não o suspendam. Sem Zlatan, o mundial precisa de um vilão de pantomina e adoro ver os ingleses a gastarem rios de tinta com ele. O tipo é irritante e desportivismo é palavra desconhecida no vocabulário. Por outro lado ainda não lesionou ninguém e não é verdadeiramente maldoso. Se a FIFA punisse as faltas duras (Holanda, Honduras...) como quer punir Suárez, o futebol talvez fosse mais interessante. Coitadinho do Chiellini, tem um dói-dói, é?
Bélgica: repito, sem laterais ofensivos (são centrais convertidos) o estilo não funciona. Precisam de jogar com Mertens.
Pirlo e Xavi: fim de uma era.