Mundial no sofá (16)
Brasil 0 - 3 Holanda
Que dizer? Eu estava completamente errado. Não alinharam com suplentes e a Holanda acabou por estar mais motivada que o Brasil. O golo sofrido logo no início (em que o árbitro voltou a ser amigo) voltou a destruir os brasileiros. Depois disso foi uma questão de a Holanda ir gerindo os ataques desastrados, aproveitar as benesses brasileiras e ter paciência com o jeitinho do árbitro que seguiu a recomendação FIFA de não expulsar nenhum brasileiro. Imenso mérito para van Gaal que promoveu a renovação holandesa, apaziguou o grupo e aproveitou aquilo de melhor que os mais velhos tinham para dar. Tudo isto apesar de não poder contar com o jogador que teria sido o mais importante no seu esquema: Kevin Strootman.
Notas:
- Neymar nem sentia as pernas mas uns diazitos depois já por ali andava. Pois.
- Robben beneficia agora do descanso proporcionado pelas suas lesões no passado. Está mais rápido que nunca.
- Van Gaal sai no momento certo. Dentro de dois anos Robben, Sneijder e van Persie estarão provavelmente piores. Não há substitutos.
- As equipas de Scolari têm muito mau perder. Os brasileiros nas bancadas foram mais simpáticos.
Alemanha 1 - 0 Argentina
E enfim, finalmente Löw venceu um troféu com aquela que é considerada a melhor geração de sempre do futebol alemão. Foi justo que o golo tivesse saído dos pés do principal emblema da renovação alemã: Mario Götze.
O início foi complicado para os alemães. Sem Khedira, lesionado no aquecimento, fizeram entrar Kramer. Ao fim de meia hora este teve de sair com um traumatismo e entrou Schürrle. Volto a notar que a Alemanha chegou sem três médios que provavelmente teriam lugar no onze de quase qualquer outra equipa do mundial: Ilkay Gündogan, Lars Bender e Sven Bender. A mudança ajudou a Alemanha do ponto de vista táctico, uma vez que refreou um pouco as subidas de Zabaleta (sem opositor directo andava a cavalgar no flanco direito para se juntar ao ataque). Ainda assim ambas as equipas carrilaram o jogo pelos respectivos flancos direitos para aproveitar as forças próprias e a falta de rotinas adversárias.
Falar-se-á obviamente do falhanço de Higuaín, mas é nisto que se vêem os vencedores: quando a oportunidade se apresenta aproveitam-na. Ainda assim os alemães foram muitas vezes culpados de querer passar a bola entre si até entrar pela baliza adentro. Já os argentinos tentaram esperar pelas acções de Messi, mas viu-se que pouco mais tinham de plano do que defender e rezar por um momento de sorte ou génio.
Apesar de tudo, crédito aos argentinos. Chegaram com uma equipa a ser vista como ridiculamente talentosa no ataque e completamente fraca na defesa. Demonstrou o oposto no mundial, mais uma vez provando o adágio da manta.
Os alemães foram vencedores justos de um jogo que, não sendo um clássico, foi mais interessante que muitas outras finais (teve melhor futebol que 2010 e 2006). Também foram a melhor equipa do mundial e mereceram o troféu. Nesta final eu teria preferido ver uma Colômbia que, sem a vergonha do jogo contra o Brasil, bem lá poderia ter chegado. no fim foi a equipa mais sólida a que venceu.
Notas:
- Mascherano foi mais uma vez enorme. Garay e Demichelis estiveram também muito bem. E não percebo porque se queixam os sportinguistas de ter Rojo a lateral.
- Thomas "Raumdeuter" Müller deve ter roubado o manto da invisibilidade a Harry Potter. Isso explicaria muita coisa.
- Götze teve um mundial para esquecer. À excepção do último toque. Também foi engraçado ver a expressão de incredulidade dele, sem perceber muito bem o que tinha acabado de fazer.
- Acho que há avançados que vão passar a ter medo de Neuer: "se não comes a sopa toda chamo o Neuer".
- Entregar prémios individuais no final do jogo é uma palhaçada. Sem considerações sobre a justeza do prémio de melhor jogador, arriscamo-nos a figuras como a de Messi, que merece crédito por não ter dito a Blatter que metesse o troféu onde o sol não brilha.