Morte supera Crime
Nunca fui grande fã de remakes. Há filmes que pela sua excelência ganharam direito a brilhar no panteão das melhores obras de arte da chamada sétima. São clássicos e inimitáveis, por todas as razões cinematográficas de que me consigo lembrar.
Depois, numa tentativa de explorar o filão, presenteiam-nos com sequelas e spin-offs. Aí já não sou nem posso ser inflexível, porque muitas das ditas sequelas e spin-offs superaram o filme original sem o descaracterizar, tornando-se por mérito próprio obras-primas.
Nunca fui grande fã de remakes, mas sou fã de Agatha Christie e creio ter visto tudo, ou quase tudo, o que foi adaptado ao grande e pequeno ecrã e alguma coisa do teatro.
Manifestei o meu desagrado e alguma indignação pela (pen)última incursão nos assassínios da grande escritora quando vi "Um Crime no Expresso do Oriente" de 2017, realizado por Kenneth Branagh com um elenco de luxo. Era pobre, mal contado, histérico e um tanto ou quanto canibalizado se tivermos em conta o livro.
Calhou esta semana ter "agendado" Belfast do mesmo realizador e ter ficado agradavelmente surpreendida pela doçura com que nos foi contada uma história de violência.
Daí a pegar no novíssimo "Morte no Nilo", foi um estalar de dedos. Parti para a visualização com a firme ideia de que não iria gostar, porque muitas destas produções recentes de remakes são manipuladas para preencher quotas e bajular hashtags. Elenco não tão luxuoso como no primeiro filme, mas que deu conta do recado. A história foi bem contada, as quotas habilmente preenchidas e os twists até funcionaram. A paisagem ajuda bastante. A fotografia é magnífica.
Olha... gostei.