Morais Sarmento sobre Moçambique
Nos últimos tempos tenho aqui referido a situação política em Moçambique. Nesse âmbito lamentei o silêncio do nosso governo e o das restantes autoridades estatais., algo constante desde o início desta crise. E nisso demonstrei a contradição sobre o assunto entre o eurodeputado Paulo Rangel e o ministro Paulo Rangel - que deveria ser letal para o actual MNE, pois descredibiliza-o totalmente, mostrando-o um demagogo rasteiro. Tal como lamentei o efectivo silêncio noticioso entre a imprensa portuguesa. Sem intuitos exaustivos, nem possibilidades de isso tentar, ecoei algumas boas intervenções na imprensa -, mas notando que não só vêm diminuindo, como também nunca acompanharam a relevância dos acontecimentos num país nosso aliado, membro da CPLP. E que são também acompanhadas de indecentes dislates (exemplificados por peças como esta patética crónica no "Público" da escritora comunista Ana Bárbara Pedrosa ou o discurso no PE do PCP), e mesmo de vergonhoso servilismo ao regime ditatorial vigente (como o de Miguel Relvas).
Por isso muito saúdo esta intervenção televisiva de Morais Sarmento. Na qual aborda o silêncio institucional e noticioso em Portugal sobre a situação moçambicana, acertadamente comparando-o com a atenção dedicada a outras realidades internacionais - e mesmo em Moçambique (no caso de calamidades). Frisando também que este silêncio tem repercussão naquele país.
Convém sublinhar que Morais Sarmento não só é membro relevante do partido governamental - presumo que teria agora maiores responsabilidades políticas não fora a grave doença que o acometeu e da qual, felizmente, recuperou. Mas também não é apenas um comentador, pois tem responsabilidades institucionais (é presidente da FLAD). E tem também alguns (e perfeitamente legítimos) interesses económicos no país, pois julgo que ainda será sócio de um pequeno hotel em Inhambane. E nada disso - bem pelo contrário - o impede de dizer aquilo que é óbvio: este silêncio governamental é lamentável. Incompetente, adianto eu. Tal como o é a falta de empenho da imprensa.