Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Moçambique e a Internacional Socialista

jpt, 09.02.25

internacional-socialista.jpg

Tenho amigos que me dizem reagir eu demasiado ao PS. Eu contesto-os. Apenas tenho memória, e nisso recordo esse colectivo de energúmenos, vis. Das passeatas em Moçambique pós-Cahora Bassa do agora proto-candidato António Vitorino, do ombrear do presidente da AR Jaime Gama e do grão-mestre maçónico Vera Jardim com o consabido Momade Bachir Sulemane, a este publicamente louvando (apesar da nossa embaixada lhes ter, aos tais socialistas, encarecidamente pedido para nos poupassem a isso)!!!.... Desse Sócrates, o de "em Paris", abandonado no "Zambi" de Maputo ("Teixeira", telefonaram-me, "o teu ex-PM está sozinho a jantar, vai acompanhá-lo"), em evidente lóbi afinal já desprezado. E lembro os de cá, desde a zambeziana Leitão Marques ao seu marido (o ilustre lente de Coimbra) cabecilha de Sócrates. E tantos outros, mais rebotalhos, do "padrinho" César dos Açores à corja propagandista de Câncios, Galambas, Adão e Silva e Vale de Almeida (a este conheço, um pateta: "sou feminista" e a isso correlacionando que "gosto muito de levar no cu"), do pequeno lixo autárquico nos meus Olivais ao neto da Maria Antónia Palla ("todos seriam melhores PM do que o anterior", dizia a prestigiada jornalista logo após Passos Coelho quando o evidente Sócrates estava detido em Évora, boa mostra da mundividência familiar ali reinante) eleito por uma "urna negra" resvés Campo de Ourique. E este Medina, que para aí vem (quando PNS esboroar de vez) a denunciar compatriotas (e estrangeiros) aos serviços de informação israelistas e russos. Já para não falar de Vitalino Canas - e nisso raspo o tacho - a querer-se juiz do Tribunal Constitucional, com o conúbio de António Costa, quando este ainda não era "minoria étnica"... Etc., um imenso etc., pois um tipo da minha geração, algo informado e minimamente vivido, poderá continuar páginas afora neste rol de despudorados. Um tipo chega aos 60 anos e sabe que já de nada serve protestar, foram eles que viveram, mandam e fruem, devastaram-nos o futuro do país, e são eles, e os seus, que continuarão a mandar até que o cancro ou AVC me leve.
 
Mas - e os jovens nem acreditam nisso - já tive 30 anos e esperanças. Vivi no distrito de Montepuez, meses a fio, no "mato" como lá se diz ("pai, então?sou eu...", no aeroporto da Portela regressando após seis meses, ele António e a minha (então ex-)namorada Inês à minha procura e eu diante deles, com menos 28 quilos. E se as mulheres nos esquecem, é o destino, que o meu pai não me reconhecesse chocou-me...). Anos depois chorei - mesmo - de pesar com a notícia de que mais de 100 camponeses ali tinham morrido, asfixiados numa cela da esquadra de Montepuez, por se terem manifestado contra o governo. E ainda mais - de raiva - porque nessa mesma altura se fazia em Maputo o congresso da Internacional Socialista, então presidida por Guterres (o do "pântano", mas também o do cunhado dos lóbis), no qual se fez ascender Chissano a vice-presidente (eram 70 e tal, mas ainda assim a promoção do PR moçambicano serviu para propaganda interna). E nessa altura - tal como depois - nem uma palavra disse a tal Internacional Socialista (esse coito de Craxi, Papandréou, Guerra, Sócrates e inúmeros quejandos) sobre o assunto. Foi em 2000.
 
25 anos depois, o Paulo Dentinho, meu amigo - e homem livre, "indomável" como se queixavam os "senadores" e "administradores não executivos" do PS quando tanto o queriam "ao serviço" - refere certeiramente a continuidade do silêncio da multinacional patrimonialista "Socialista" sobre a situação em Moçambique. Um abraço, pá! Já vamos tarde. Eles continuam e continuarão a dispôr. Pois há gente, imensa, que os aprecia. E, desgraça, até neles vota.
 
Cito-o, transcrevendo o que escreveu no seu mural do Facebook: 
 
Moçambique e a Internacional Socialista.
 
A Internacional Socialista, da qual fazem parte mais de uma centena de partidos que se reclamam da social-democracia e do socialismo democrático - incluindo entre eles a Frelimo - proclama nos seus princípios a defesa da democracia, da justiça social e dos direitos humanos. No entanto, as eleições gerais de outubro de 2024 em Moçambique, marcadas por alegações de fraude e manipulação de resultados, expõe uma enorme contradição entre a realidade e os tais princípios.
 
Apesar das promessas de transparência e pluralismo, os observadores internacionais, incluindo os da União Europeia, denunciaram irregularidades várias no processo eleitoral. O candidato da oposição, Venâncio Mondlane, contestou os resultados. A resposta foi a repressão e o silenciamento das vozes críticas. A Internacional Socialista manteve-se em silêncio.
 
A situação agrava-se quando olhamos para a governação. A corrupção continua a minar as instituições moçambicanas, como demonstram os milhares de casos, de que o escândalo das dívidas ocultas é o mais trágico exemplo, pois continua sem responsáveis políticos de topo efetivamente punidos... em Moçambique. Se a Internacional Socialista leva a sério o seu compromisso com a justiça social e o combate à corrupção, deveria pelo menos questionar-se sobre o assunto.
 
A verdade é que Moçambique está num caminho perigoso. A repressão da oposição, a fragilidade da democracia e a instrumentalização do sistema judicial são sinais claros.
 
O silêncio é cúmplice, e se não se agir os princípios não passam de uma farsa conveniente. O que é válido para as organizações internacionais e… para cada um de nós.

15 comentários

Comentar post