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Delito de Opinião

Michael Jackson, não, obrigada!

Maria Dulce Fernandes, 05.10.22

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“Então Maria Dulce, bem disposta?” "Nem sei, Sr. Doutor, estou nervosa” "Mas nervosa porquê?” "Porquê? Então o senhor no meu lugar não…” ainda ouvi alguém pedir a segunda unidade de propofol.

E veio a máscara verde, e apaguei. Creio que por duas horas, que poderiam ter sido dez. Numa marquesa ao meu lado, alinhavam-se uma série de rolos castanhos de diversos tamanhos, onde haveriam de me deitar de borco, para me poderem retalhar as costas e extirpar a nocente ruptura que me impossibilitou o andar. Não dei pela intubação traqueal.

Acordei abruptamente como se todo o corpo estivesse em polvorosa e a primeira lembrança é de muita náusea e muita gente. Tentavam que me deitasse, mas parece que tinha ganho superpoderes e não foi fácil manter-me deitada. Voltei a apagar.

Acordei agitada, com a sensação de que estava num iglu. Alguém ligou um edredão insuflável e de repente estava numa espreguiçadeira sob o sol calmo do meu Alvor, e assim fiquei numa atenta modorra até me subirem para o quarto.

Pelo que fui ouvindo dizer, apanhando frases dispersas aqui e ali, naquele éter de cortinas e sons de aparelhos de séries de TV, estou em crer que este meu despertar foi um filme. Depois de tanto ler sobre as maravilhas do propofol, que se diz proporcionar a quem o utiliza um sono tranquilo, sem sonhos e com um acordar relaxado, não esperava nada menos do que isso mesmo. Mas não. Comigo não funcionou. Como tal não segundo essa falácia.

Michael Jackson, não, obrigada!

(Imagens Google)

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