#metoo - um pequeno preço a pagar (2)
O Pedro Correia seleccionou dois textos nesta temática como comentários da semana. Compreendo-o, houve depois do meu mais alguns posts muito relevantes sobre o assunto aqui no blogue. Noto que os dois textos são ambos escritos por homens e vão na mesma direcção: "coitados de nós que agora passámos a ser perseguidos e já não podemos dizer nada que somos logo perseguidos".
Claro, cada um tem a sua opinião, mas ninguém tem direito aos seus factos. Se há casos de mulheres que exageram nas acusações e na pose incendiária e desejo de justiça/vingança, também é certo que a esmagadora maioria dos casos de acusações constituem, no mínimo, comportamento impróprios. Não se trata na maioria dos casos de mulheres a queixar-se de abordagens sexuais, mas da forma como essas abordagens foram feitas.
Como escrevi, haverá quem se queixe e terá razões para isso, mas aquilo que deveremos ter que fazer será recalibrar as nossas atitudes para aceitar que o objecto do nosso desejo pode não considerar os nossos avanços tão inofensivos quanto isso. Se os homens não compreendem a necessidade de aceitar este simples facto, então o "preço a pagar" é ainda mais que ajustado.
Esta história parece-me simplesmente mais um episódio nas mudanças sociais que elegeram Trump: uma categoria/classe de cidadãos (neste caso, homens) perdem parte do seu poder. E reagem contra isso. Os comentários que o Pedro seleccionou, relevantes como a maioria dos que surgiram ao longo desta semana, fazem parte dessa lógica. A da falácia do espantalho. Nisto, estou com a Teresa.