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Delito de Opinião

#metoo - um pequeno preço a pagar (2)

João André, 14.01.18

O Pedro Correia seleccionou dois textos nesta temática como comentários da semana. Compreendo-o, houve depois do meu mais alguns posts muito relevantes sobre o assunto aqui no blogue. Noto que os dois textos são ambos escritos por homens e vão na mesma direcção: "coitados de nós que agora passámos a ser perseguidos e já não podemos dizer nada que somos logo perseguidos".

 

Claro, cada um tem a sua opinião, mas ninguém tem direito aos seus factos. Se há casos de mulheres que exageram nas acusações e na pose incendiária e desejo de justiça/vingança, também é certo que a esmagadora maioria dos casos de acusações constituem, no mínimo, comportamento impróprios. Não se trata na maioria dos casos de mulheres a queixar-se de abordagens sexuais, mas da forma como essas abordagens foram feitas.

 

Como escrevi, haverá quem se queixe e terá razões para isso, mas aquilo que deveremos ter que fazer será recalibrar as nossas atitudes para aceitar que o objecto do nosso desejo pode não considerar os nossos avanços tão inofensivos quanto isso. Se os homens não compreendem a necessidade de aceitar este simples facto, então o "preço a pagar" é ainda mais que ajustado.

 

Esta história parece-me simplesmente mais um episódio nas mudanças sociais que elegeram Trump: uma categoria/classe de cidadãos (neste caso, homens) perdem parte do seu poder. E reagem contra isso. Os comentários que o Pedro seleccionou, relevantes como a maioria dos que surgiram ao longo desta semana, fazem parte dessa lógica. A da falácia do espantalho. Nisto, estou com a Teresa.

2 comentários

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    João André 15.01.2018

    Ó Luís, agora lixou-me. Tem razão. não conheço todos os casos. Nem a maioria. Nem presenciei as cenas.

    Aliás, como também não estava presente quando Vasco da Gama chegou à Índia parece-me que ele fez download do caminho no Google Maps e enganou o pessoal. Também não estava presente no momento dos votos das últimas eleições americanas e estou convicto que até foi Jill Stein a vencer com 98% dos votos mas houve uma chapelada monumental.

    Em Portugal? Enfie isso no Google e não se fie nas queixas formais. O assédio resulta de uma situação de poder do abusador sobre a/o abusada/o (na maior parte dos casos de homens sobre mulheres, dado que detêm normalmente mais poder e ainda têm mnais força física). Devido a esta relação de poder, as mulheres têm simplesmente medo de denunciar os homens (e de depois serem classificadas como histéricas, como estamos agora a ver). Por isso não surgem.

    Pessoalmente lembrei-me de ver situações ainda nos meus tempos de faculdade, de forma aberta, de um professor, em plena aula, em direcção a alunas. Tenho hoje vergonha de me ter rido disso e sei que se me tivesse passado pela cabeça falar no assunto, também teria medo de denunciar.
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