medicina no trabalho
Entrei e esperei pouco tempo, sempre em sobressalto dado a televisão estar aos altos berros e ter a Cristina Ferreira e o Goucha a pontificar para o país. Fiz o electrocardiograma e ainda tive direito a uma pérola:
- Anda acelerada?
A senhora perguntou, eu esbocei um fraco sorriso. Pensei: ando? Bom, ando sempre, tenho uma micro empresa, vivo em Portugal, dois filhos, um marido, um cão, uma avó com pouca saúde, uma mãe à beira de um ataque de nervos... Novidades?, nenhuma. Voltei para a sala de espera onde a manhã na TVI continuava animada e florida. Cinco minutos mais tarde, o médico estava pronto para me receber e, sendo simpático, muito simpático, limitou-se a reconhecer que a medicina do trabalho serve para pouco, ou mesmo nada (digo eu). Disse que não fumo, raramente bebo, que durmo o que posso e ele sorriu satisfeito, escrevinhou umas coisas e agradeceu.
Para o ano há mais? Para o ano há mais, é obrigatório. O Estado vive melhor sabendo que a malta fez um electrocardiograma. E, todos os meses, a minha micro empresa paga um contrato com uma empresa prestadora de serviços médicos para garantir que estamos dentro da lei, que vamos alegramente, qual Goucha ou Cristina Ferreira, à Medicina do Trabalho. Por favor...