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Delito de Opinião

Manuel Serrão: «A bandeira nacional tem cores horríveis, prefiro a monárquica»

Quem fala assim... (38)

Pedro Correia, 24.04.21

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«Gostava de jantar com a Scarlett Johansson. Mas com uma condição: que ela não me levasse a comer sushi»

 

A entrevista telefónica ao empresário portuense que também se destaca como colunista e comentador foi sublinhada de vez em quando por sonoras gargalhadas. E constantes alusões a petiscos e bebidas. Desde a pergunta inicial até quando o questionei sobre a melhor forma de relaxar. Passando pelo pecado capital que pratica com mais frequência.

 

Tem medo de quê?

Tenho medo de morrer à fome.

Gostaria de viver num hotel?

Não me importava. Julgo que poderia ter uma boa vida em alguns hotéis que conheço. Depende das circunstâncias: talvez gostasse.

A sua bebida preferida?

Vinho.

Tem alguma pedra no sapato?

Já tive algumas, no tempo em que costumava jogar futebol. Nessas alturas descalçava sempre as chuteiras para as tirar. Nunca nenhuma dessas pedras me fez mossa.

Que número calça?

43.

Que livro anda a ler?

Ando a ler Anibaleitor, do Rui Zink.

E que tal?

Estou a gostar. Aliás já conhecia a obra, numa outra versão. Prefiro sempre os livros dele quando os refaz: já foi assim com A Espera. Quando ele refaz, ele refina. E eu gosto ainda mais.

A sua personagem de ficção favorita?

O Sandokan, desde sempre. Gostava de ser um tigre da Malásia.

Rir é o melhor remédio?

Rir é sempre o melhor. Mesmo que não seja remédio.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Não sou muito de chorar. Tenho de recuar bastante no tempo para me lembrar disso: acho que foi a ver o filme África Minha, de Sydney Pollack [1985, galardoado com o Óscar no ano seguinte]. Graças a Deus, a vida não me tem dado grandes motivos para chorar.

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Gosto de conduzir, em todos os sentidos da palavra. Tenho muito medo de ir ao lado. E de ir atrás então nem se fala...

Transgredir é bom?

Com algum calculismo, sim.

Qual é o seu prato favorito?

Depende muito. Costuma ser cozido à portuguesa. Também gosto sempre de um bom bacalhau assado.

Qual é o pecado capital que pratica com mais frequência?

É o vinho verde do meu amigo José Armindo. Chama-se precisamente Pecado Capital.

A sua cor preferida?

São duas: o azul e o branco.

Costuma cantar no duche?

Não. As vizinhas certamente agradecem.

E a música da sua vida?

Talvez João e Maria, do Chico Buarque.

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

Confesso que não gosto muito do hino nacional. Mas é o nosso hino. E nestas coisas dos símbolos nacionais não devemos inventar.

Parece-lhe bem a actual bandeira nacional?

A bandeira tem cores horríveis: gosto mais da bandeira monárquica. Mas repito: não devemos mexer nos símbolos, que fazem parte da identidade nacional.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Gostava de jantar com a Scarlett Johansson. Mas com uma condição: que ela não me levasse a comer sushi.

As aparências iludem?

Depende. Quando a ideia é aparentar, a ilusão é sempre grande.

O que é que um verdadeiro cavalheiro nunca faz?

Um verdadeiro cavalheiro nunca deve cuspir na mão que lhe deu de comer.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

Camisa. Mas com botões.

Qual é o seu maior sonho?

Continuar a viver feliz, como tenho vivido. Com saúde e boa disposição. Para mim, chega.

E o maior pesadelo?

O meu maior pesadelo é que o Benfica seja campeão outra vez para o ano.

O que o irrita profundamente?

A falta de pontualidade.

Então tem certamente muito de que se queixar.

Pois. Mas agora, com os telemóveis, já não há qualquer desculpa.

Qual a melhor forma de relaxar?

Conversar. Com uns amigos. E uns petiscos.

O que faria se fosse milionário?

Se pudesse escolher, faria exactamente o que faço hoje. Não mudava uma vírgula na minha vida.

Casamentos gay: de acordo?

Estou de acordo com o reconhecimento de direitos, a vários níveis, aos homossexuais. Mas achei infeliz a utilização do termo casamento para tentar tornar igual aquilo que é diferente. Podiam ter sido mais originais e inventar uma palavra.

Uma mulher bonita?

A Carla Chambel. Gosto da beleza exótica.

Acredita no paraíso?

Nos dias em que me sinto mais abatido, faço por acreditar.

Tem um lema?

Não.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (22 de Maio de 2010)

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