Lobos e cordeiros
Assinalam-se na próxima semana os 8 anos da morte de Isaías Carrasco. É normal que o nome não seja familiar. Não era um político célebre nem uma vedeta televisiva. Era tão simplesmente um portageiro espanhol. Em 2009 escrevi sobre ele no Público:
O assassinato de Isaías Carrasco foi a maneira vil e tirânica encontrada pela ETA de participar nas eleições legislativas que ocorreram naquele ano. Aliás, assassinatos selectivos e engenhos explosivos sempre foram para a organização terrorista ETA procedimentos equivalentes ao que representa o voto para os democratas.
Esta morte foi recordada no debate de investidura de hoje, em Madrid. O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, viu-se obrigado a recordar a Pablo Iglesias que os etarras são terroristas e não, como afirmou o líder do Podemos nesse mesmo debate, “presos políticos”. Esta e outras intervenções de Iglesias põem em evidência que a prosápia popular (e populista) do Podemos oculta uma identidade política que não é compatível com os valores e princípios que fundam o Estado de Direito Democrático. Ao contrário do que por vezes se ouve e lê, o facto de um partido aceitar resultados eleitorais não faz dele uma organização com convicções democráticas.