Livros de cabeceira (16) - série II
Sou um leitor compulsivo de banda desenhada, especialmente da linha clara franco-belga. Adorei as obras de Hergé, Goscinny, Franquin, Tibet e Peyo, mas sempre preferi as versões originais aos pastiche surgidos posteriormente. Acho que a melhor decisão que Hergé tomou foi a de não ter permitido que Tintin lhe sobrevivesse, o que permite que ainda hoje o olhemos com o fascínio de sempre. Já Astérix perdeu grande parte da sua graça depois da morte de Goscinny e, embora o lançamento de cada livro seja hoje um evento à escala mundial, a única coisa que resta das personagens originais é a perfeição dos desenhos, já que a genialidade dos argumentos desapareceu para sempre.
Na banda desenhada norte-americana, a criatividade original também se perdeu. Hoje a Disney e a Marvel são indústrias de produção em série, que há muito se afastaram dos autores originais, o que leva a que grande parte do seu encanto tenha desaparecido. Cada vez tenho menos interesse nos filmes da Marvel, e ainda menos nas suas bandas desenhadas, que me parecem totalmente distantes das histórias originais que lia durante a minha adolescência.
Sucede, porém, que o Correio da Manhã tomou a iniciativa de distribuir aos sábados uma colecção das histórias originais da Marvel, tal como foram concebidas por Stan Lee e desenhadas por Steve Ditko, e que nos permitem reencontrar o que nunca deveria ter sido modificado ou adaptado. Estes são presentemente os meus livros de cabeceira.