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Delito de Opinião

Livros com nomes de blogues

Pedro Correia, 12.10.19

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«"Conheci uma pessoa." Eis uma expressão que nalguns casos implica dois evidentes exageros.»

Pedro Mexia, Prova de Vida

 

Sinto por vezes algumas saudades do tempo de maior pujança da blogosfera, em que o debate de ideias se impunha sem o colete-de-forças compressor do Twitter nem o umbiguismo grupal do Facebook. Um tempo em que era possível dialogar com quem pensava de forma muito diferente, até antagónica, sem reduzir o pensamento a legendas, sem coleccionar bonequinhos de polegar levantado, sem confundir afectos e cumplicidades com a carneirada dos clubes de fãs, sem esse anátema sempre implícito no ridículo verbo "desamigar".

Fui coleccionando livros que resultaram da escrita blogosférica - e eles cá continuam, na minha biblioteca doméstica, como memórias vivas desse tempo que já passou. Livros com nomes de blogues, como O Acidental (que reunia o Paulo Pinto Mascarenhas, o Rodrigo Moita de Deus, o Vítor Cunha, o Luciano Amaral, o Vasco Rato e o Bernardo Pires de Lima, entre outros), Portugal dos Pequeninos (feliz título com a marca inconfundível do João Gonçalves antes da sua irreversível migração para o FB), Prova de Vida (diário do Pedro Mexia nascido como blogue e polvilhado de argutos aforismos, como aquele que serve de epígrafe a estas linhas) e Jaquinzinhos (onde o João Caetano Dias deixou um pioneiro rasto liberal antes da sua irreversível migração para o Twitter). 

A escrita blogosférica tornou-se residual, quase anacrónica: é precisamente por isto que eu insisto nela. Quando a prosa de Facebook originar livros, agradeço que me avisem.

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