Livrem-se
O senhor J. Paulo Rebelo, alegado secretário de Estado do Desporto, andou a dizer por aí que o Governo está preocupado com as manifestações de júbilo dos sportinguistas na mais que previsível comemoração do título de campeão nacional de futebol.
«Será muito difícil conter em absoluto manifestações de adeptos que naturalmente surgirão», concedeu o suposto governante em declarações a um canal televisivo. Admitiu que será muito difícil «neutralizar as manifestações» de júbilo. E adiantou que «o melhor é enquadrá-las», resta ver de que maneira.
Não sei, neste contexto, o que significa a salazarenta expressão «conter em absoluto», não havendo sequer estado de emergência que permita «neutralizar» manifestações. Querem suspender de vez a Constituição da República? Tudo é possível.
Pela minha parte, venho solicitar ao dito cavalheiro para transmitir quanto antes ao primeiro-ministro, assumido adepto do Benfica, que nós iremos celebrar o título como quisermos, quando quisermos e onde quisermos. Na varanda, à janela, no estádio, na rua, na praia, na praça ou no jardim. Sem esquecermos as normas sanitárias mais elementares, mas sem escondermos a alegria, perfeitamente compreensível.
Ninguém irá impedir-nos, ninguém conseguirá «neutralizar-nos». Muito menos um antigo membro da desonrosa Comissão de "Honra" da recandidatura do senhor Luís Filipe Vieira, cujo grupo económico figura em segundo lugar na lista dos 20 maiores devedores do Novo Banco - com prejuízos pagos pelos contribuintes portugueses - e arriscava um pedido de insolvência quando anunciou que seria recandidato às eleições "encarnadas" de há sete meses.
Livrem-se de tentar condicionar-nos. E que isto fique registado em acta desde já.