Ler em tempo de pandemia
Como quem me conhece sabe, há dias em que nem quero ouvir falar em política. Este é um deles. Apetece-me antes fazer-vos um desafio: partilhem connosco quais têm sido as vossas leituras desde que foi declarada a pandemia. E não me refiro às anedotas distribuídas por telemóvel nem às teses conspiranóicas que circulam nas redes à cata de novos cliques. Falo em leitura à moda clássica - a do "papel pintado", para recorrer à suave ironia pessoana.
Livros mesmo. Dos antigos, dos bons. Dos que resistem a todos os embates, superam todas as adversidades e contrariam qualquer certidão de óbito. Cem vezes declarados mortos, mil vezes renascidos geração após geração - inesgotáveis fontes de emoção, infindáveis transmissores de sabedoria. Borges confessava sentir orgulho não dos livros que havia escrito, mas dos livros que havia lido. Que livros poderão produzir o mesmo efeito em cada um de nós?