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Delito de Opinião

Ler (37)

Sabemos de onde partimos com um livro na mão sem imaginar aonde nos conduz

Pedro Correia, 03.10.24

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São inúmeros os casos de livros que mudam uma vida.

Napoleão, ao que consta, nunca mais foi o mesmo depois de ler O Príncipe, de Maquiavel. Pessoa imitou um dos seus autores favoritos, Poe, em parte da obra e grande parte da vida. Marx influenciou as vidas de milhões de pessoas. E Nietzsche também -- dizem que até influenciou um certo cabo que combateu na I Guerra Mundial e usava um bigodinho ridículo. Ibsen influenciou legislação sobre os direitos das mulheres. Conan Doyle e Georges Simenon influenciaram tanto (e tantos) que personagens saídos da sua imaginação, como Sherlock Holmes e o comissário Maigret, se tornaram mais conhecidos do que os autores. Romeu e Julieta, figuras de papel, seduziram mais do que inúmeras pessoas de carne e osso.

E já nem falo dos mundos que se descobrem em cada livro da Bíblia...

Sabemos sempre de onde partimos com um livro na mão. Mas somos incapazes de imaginar até onde ele nos conduz. É também isto -- é sobretudo isto -- que faz o fascínio da literatura.

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