Leituras
«A vida no Estado Islâmico é dura; a Sharia é aplicada sem restrições e o desprezo dos seus preceitos é severamente punido. As mulheres só podem abandonar a cidade ou povoação em que vivem com o consentimento escrito de um parente macho; o álcool e o tabaco estão proibidos, o que tem causado um certo mal-estar entre os combatentes estrangeiros, que vêm da Europa ou de Estados seculares do mundo islâmico. Apesar das necessidades políticas aconselharem uma maior abertura, os mentores do ISIS, que seguem o rigor dos wahabitas e dos salafitas, aplicam a Sharia, a Lei de Deus, de forma estrita e sem palitivos.
Para tudo há normas e preceitos. No Estado Islâmico os ladrões sofrem a amputação dos membros - corte da mão direita e da perna esquerda; os que cometem adultério, se forem casados, são apedrejados até à morte e para os seus parceiros solteiros estão previstas cem chicotadas seguidas de deportação. A traição, a blasfémia e a "espionagem para os infiéis" também são punidas com a pena de morte, bem como a homossexualidade - dois homossexuais foram precipitados de um edifício de 30 metros, em Raqqa, e a condenação assentava num precedente jurídico: o gesto justiceiro do califa Ali, que precipitara do alto de um minarete um homem que se "libertara do desejo de uma maneira proibida".»
Jaime Nogueira Pinto, O Islão e o Ocidente, p. 251
Ed. D. Quixote, 2015