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Delito de Opinião

Leituras

Pedro Correia, 22.09.14

 

«Os homens, uns mais que outros, tendem sempre a condenar os que falam muito, principalmente de coisas que não lhes dizem directamente respeito, chamando-lhes, até com desprezo, tagarelas e fala-baratos. E assim fazendo, não nos damos conta de que esse defeito humano, humaníssimo mesmo, e tão frequente, tem também o seu lado bom. Pois, o que saberíamos nós das almas e dos pensamentos alheios, dos outros homens e por consequência de nós próprios, de outros meios e de outras terras que nunca vimos nem jamais teremos oportunidade de ver, se não houvesse gente assim, com necessidade de dar a conhecer oralmente ou por escrito o que viram ou ouviram e o que em torno disso sentiram e pensaram? Pouco, muito pouco. E por mais que as suas histórias sejam imperfeitas, temperadas pela paixão e pelas necessidades pessoais, ou até mesmo inexactas, temos sempre a razão e a experiência para podermos julgá-las e compará-las umas com as outras, aceitá-las ou rejeitá-las, no todo ou parcialmente. Assim, sempre se salvará alguma coisa de verdade humana para aqueles que com paciência escutam ou lêem

Ivo AndricO Pátio Maldito (1955), p. 49/50

Ed. Cavalo de Ferro, 2ªedição, 2008. Tradução de Lúcia e Dejan Stankovic

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