Leituras
«A tradição bíblica mostra-nos que a felicidade do primeiro homem antes da queda consistia na ausência de trabalho, isto é, na ociosidade. O gosto da ociosidade permaneceu no homem depois da queda, mas a maldição divina continua a pesar sobre ele, não só porque é obrigado a ganhar o pão que come com o suor do rosto, mas ainda porque a sua natureza moral o impede de encontrar contentamento na indolência. Uma voz secreta nos insinua que é culposo entregarmo-nos à preguiça e, entretanto, se o homem pudesse encontrar um estado onde lhe fosse dado sentir que continua a ser útil e a cumprir o seu dever permanecendo inactivo, deparar-se-ia nele uma das condições da primitiva felicidade.»
Leão Tolstoi, Guerra e Paz (1869), volume II, p. 88
Ed. Inquérito, 1957 (3.ª ed) . Tradução de José Marinho