O meu filho mais velho, que entrou agora na universidade, recusou-se a ler Os Maias. Nem sequer leu aquelas súmulas que são publicadas para alunos a ensinar-lhes o básico daquilo que deveriam ter lido. Para responder nos exames recorreu a cábulas que a mãe lhe fez.
Tal como não leu Os Maias, também não leu nenhuma das outras obras de leitura obrigatória.
Ele lê; mas coisas que lhe interessam e atuais. Não lê velharias.
Seja. Não será então uma pistola, mas não andará longe das suas vontades uma pira ritual onde essas "velharias" todas arderiam exemplarmente. O mundo ficaria bem melhor, sem dúvida, só com "coisas que interessam". Coisas "atuais", evidentemente.
Refere-se àquilo da jovem sueca? Ó homem, onde isso já vai... Tenho razões para crer que ainda por aqui trocaremos vivas linhas de discórdia sobre isto ou aquilo. E esperemos que sim.
Afinal ainda não há muito tempo isso ser-nos-ia decerto impossível (salvo no recato de um encontro pessoal e em voz baixa, ou por correspondência desejavelmente inviolada e na confiança de que um não denunciaria o outro aos poderes de turno) e, tudo visto, tão pouco tempo passado depois desse e já as coisas se encaminham para que discordar, pensar diferente, volte a ser - leve a inteligentsia dominante o seu projecto até ao fim, e parece imparável - ousadia inaceitável.
Costa
Ps. Ali em cima escrevi "atuais" deliberadamente sem "c". Pareceu-me que se deveria na circunstância, tamanha a estupidez tão orgulhosa e arrogantemente afirmada no primeiro comentário a este postal, usar o infame "patois" lavourês.