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Delito de Opinião

Le Pen en Afrique

jpt, 14.12.22

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Há já mais de duas décadas, o fascista e racista (e até negacionista do Holocausto) Jean-Marie Le Pen clamava que não se revia numa selecção francesa então campeã do mundo de futebol, devido à abundante presença de jogadores de origem "ultramarina" - da África, sobre e subsaariana... "Africanos", não franceses, entenda-se.
 
O argumento foi absorvido pela "esquerda" americanófila, fiel à ideologia "comunitarista", essa do "identitarismo" por lá dito "Woke". E nesse eixo raci(ali)sta há alguns anos tornou-se "viral" (como se dizia antes do Covid-19) o vitupério do comediante sul-africano Trevor Noah - encarregue do Daily Show, espectáculo televisivo de militância do Partido Democrata americano -, também ele afirmando a primazia da excentricidade dos jogadores franceses de ascendência estrangeira que em 2018 se haviam sagrado campeões mundiais. Então contestado pela embaixada francesa em Washington, Noah viria a fazer um retórico ligeiro passo atrás quanto aos jogadores, mas embrulhando-o numa veemente crítica ao modelo social laico francês e elogio ao molde racialista americano (baseado no secularismo), seguindo exactamente as pisadas do miserável discurso do então presidente Obama após o atentado à Charlie Hebdo. As suas audiências, internas e estrangeiras, rejubilaram com essa sarcática negação da efectiva nacionalidade francesa dos praticantes de ascendência ultramarina (nem a Noah nem a Le Pen chocavam os Djorkaeffs ou Griezmanns, esses que de ascendências euroasiáticas).
 
E é interessante ver como agora em África, neste actual cume do entretenimento global que é o Mundial de futebol, se vai interpretando a equipa francesa. Principalmente hoje, quando ela se apresta a culminar a revalidação do título. Pois está amplamente disseminada esta visão raci(ali)sta: jogadores "negros"? São "africanos". Selecção com jogadores "negros"? Selecção "africana".
 
Enfim, o velho Le Pen (e decerto que também a sua filha, congénere e até conviva do nosso prof. Ventura) deve rir-se ao ver que se tornou global - e até com ajuda yankee -, num verdadeiro álbum "Le Pen en Afrique".

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