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Delito de Opinião

Lápis L-Azuli

Maria Dulce Fernandes, 14.05.25

Hoje lemos Valérie Perrain: "Querida Tia (Tata)"

Passagem a L' Azular: "Os homens cruéis são frequentemente comparados a animais. Dizem que se comportam como animais. Nenhum animal se igualará jamais a certos homens em horror."

Os homens (ou num sentido mais lato a humanidade) são o pior bicho que foi criado. Nem consigo imaginar os seres vivos que saíram do caldo primordial e evoluíram num hominídeo, um nosso avô primígeno. Seria talvez já um ser com maus fígados ou foram estas características herança de muitos séculos de progresso e de verniz civilizacional?

25 comentários

rui castro 14.05.2025

«o passado não se compra» Óscar Wilde
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

Mas guarda-se ciosamente para podermos ir à arca das lembranças retirar lições.
ZEBRA 14.05.2025

Como já cantavam Simon & Garfunkel, as memórias são tudo o que nos resta...

"Time it was, and what a time it was.
It was a time of innocence,
A time of confidences.

Long ago it must be,
I have a photograph.
Preserve your memories,
They're all that's left you."

"Old Friends", Paul Simon.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

Linda música, com uma letra espectacular, Zebra.

Afonso Real 14.05.2025

Valérie Perrain é uma Brigitte Bardot um pouco mais nova.
Quando ela escreve homens quer mesmo dizer homens não quer dizer seres humanos. São os homens masculinos que são uns malandros para um certo feminismo francês, as mulheres são todas as santas.
Basta ir à Wikipédia para perceber o que foi a vida dessa senhora. Viveu 20 anos em Paris de biscates, quando se é nova não é difícil. Depois escreveu a um cineasta famoso que na altura tinha cerca de 70 anos e apesar dos 30 anos de diferença, casou com ele, hoje é escritora e diz: "nenhum animal se igualará a certos homens em horror".
Há homens horrorosos e há mulheres santas:
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/mae-esfaqueia-filho-de-16-anos-por-todo-o-corpo-apos-discussao-em-loures
A vida é mesmo assim.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

É bem verdade que há homens e homens, como há mulheres e mulheres.
A senhora Perrin ter feito trinta por uma linha quando tinha o sangue na guelra, não afecta em nada a sua escrita, porque na verdade escreve bem. Se o leitor for inteligente, interpretará a leitura sem cair em disparates de hegemonias de género e os livros tornam-se de leitura fácil.
Afonso Real 14.05.2025

Tenho idade suficiente para esse disparate das ideologias de género não me afectar.
Simone escreveu um livro chamado: Le deuxieme sexe, não lê deuxieme genre.
A senhora Perrin pode ser uma magnífica escritora mas culpa os homens masculinos por todos os males do mundo, como disse no comentário anterior faz parte da forma de pensar dum certo feminismo francês.
Um dos exemplos é o de Brigitte Bardot que deixou de gostar de homens e agora só gosta de burros (de quatro patas) e restantes animais irracionais.
Na minha opinião não há uma escritora feminina e uma escrita feminina, há escrita boa e escrita má, há opiniões boas (sobre os homens, por exemplo) e opiniões horrorosas.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

Quem sabe Freud explicaria de uma maneira simples e precisa o que condiciona algumas mulheres a encararem todos os homens como estafermos?
Felizmente algumas (poucas) andorinhas não fazem um bando e tampouco a Primavera.
balio 14.05.2025

Quando vivi nos EUA li uma mulher lá que propunha que os homens deveriam pagar mais IRS do que as mulheres. Argumentava ela que os homens causam mais despesa ao Estado do que as mulheres (por diversas razões: maior taxa de criminalidade, maiores causadores de desastres de automóveis, mais problemas de saúde, mais vícios - drogas, álcool) e que portanto era justo e adequado que pagassem mais impostos.
Nos EUA há grande liberdade de expressão, portanto ideias como esta podem lá ser defendidas.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

O grande problema de algumas pessoas é terem uma mentalidade tacanha e não entenderem que igualdade não se obtém a nivelar por baixo. Não é diminuindo um homem que mulher alguma alcança com justiça o seu "lugar ao sol", é tão simplesmente mostrando e demonstrando que é mais capaz.
ZEBRA 14.05.2025

Sem dúvida. Sobretudo em boxe ou tiro ao alvo, ser mais capaz podia evitar muitas maçadas, eheheh.

Porque carga de água serão as mulheres particularmente obrigadas a ter que andar a mostrar e demonstrar as suas capacidades é que, definitivamente, não atinjo, nem nunca atingi.
Pois já não está suficientemente demonstrado que quando a prova, ou a seleção, ou a oportunidade, são às cegas, são as mulheres quem nivela por cima? Apesar da sua presença historicamente recente nos meios académicos, da medicina, das magistraturas, quem é que lá está em peso? Há mais alguma coisa a provar, se é que alguma coisa devesse ser sequer provada?

Mas é exactamente com isso, com a prova já definitivamente mais do que comprovada das capacidades das mulheres, que os homens imaturos, inseguros, ressabiados e invejosos, não conseguem viver, sentem-se atacados e ameaçados, chegam a descer àquelas infâmias dos "incels", e dos jogos porcalhões de violações e espancamentos, e javardices que tais, indignas de bichos, quanto mais de homens nascidos de mulheres.

Estrebucham porque sabem que estão em vias de extinção, o tempo deles passou, já há muitos homens, e grandes machos!, inteligentes, decentes e educados e com "fair play", que não encaram as mulheres como seres inferiores aos "bons rapazes" e que "têm que provar" não sei o quê para fazer parte do clube; ou como concorrentes mais bem preparadas para as promoções lá no emprego. Porque, já se sabe, se é bonita, é porque sobe na horizontal; se é feia, é porque ninguém a quer e só lhe resta o trabalho para se entreter...

De facto, uns queixinhas patéticos, sem dignidade nem espinha dorsal, que têm sempre um casinho ou uma historieta qualquer para contar sobre "as mulheres" na primeira oportunidade que apanhem; e eles sempre uns corajosos defensores de uma espécie de tesouro cultural milenar de "direitos adquiridos" que as marotas lhes querem roubar, pondo em risco a civilização que eles construíram sozinhos...

Uns calimeros, "it is an injustice, it is". Uma seca de conversa mumificada.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

É verdade, Zebra. Mas só quem nunca passou por processos em tribunal por assédio moral, apresentado por pessoas que se diziam injustiçadas por serem preteridas para um cargo para o qual não tinham a mínima qualificação, pode falar de provas provadas. As coisas não são assim tão lineares e no tempo do " #metoo-da-caça-às-bruxas" era cada tiro cada melro. Subir na profissão do modo mais fácil, não é feminismo, é aproveitamento. Como andei no meio do turbilhão, tenho uma visão diferente das coisas.
Isso não impede que pense que o homem é o pior animal que pisou e pisa na Terra.
ZEBRA 14.05.2025

Mas para lá das nossas experiências pessoais, tanto de homens como de mulheres, os factos continuam a ser factos, prezada Maria Dulce. E os factos incontestáveis de a maioria dos estudantes universitários, magistrados, médicos, serem mulheres; ou de as mulheres, em concursos de aptidão cegos obterem as melhores classificações, não podem, pura e simplesmente, ser escamoteados ou sequer menorizados por experiências casuísticas; ou, pior ainda, ser considerados um atentado à masculinidade, assim injustamente privada do direito ao emprego por mulheres que podem sempre fazer outras coisas "femininas"...
E esse género de desconversa, em pleno século XXI, num país que se supõe democrático e civilizado, e onde as mulheres já são força de trabalho há décadas, é mais do que enjoativo, é... emmerdeur.

Também eu vi e vivi muita coisa, prezada Maria Dulce. Até, funcionária eventual a lutar por um lugar, ter que ficar com outras como eu para lá do horário para compensar a ausência dos "rapazes", colegas também eventuais, mais os efectivos e os chefes, que iam todos juntinhos ao futebol! E bico calado. Ou ver colegas (mais do que um caso) grávidas, boas funcionárias a serem despedidas à má fila, porque "quem os tem que os ature". E bico calado. Ou ver apalpões, boçalidades, obscenidades, desrespeito, "olha a esquisita, nem se pode brincar!", sempre dos mesmos "brincalhões", para com raparigas a precisarem desesperadamente de ganhar a vida, e que, cúmulo da indignidade, acabavam a virar-se umas contra as outras por impotência e concorrência, e não contra quem as tratava como gado. Eu, dois meses daquilo, três ou quatro peixeiradas depois, um dia decidi não pôr lá mais os pés. Fui para o emprego seguinte, onde aliás fiz uma bela carreira, muito mais sábia: não me envergonho de dizer que arranjei sempre maneira de entalar bem entalado quem me faltava ao respeito (e não havia telemóveis com gravador e câmara, senão tinha sido mais fácil e divertido); e a competência profissional fez o resto, como é suposto fazer.

Mas a triste verdade foi que tive que ultrapassar uma ignóbil prova de obstáculos, às vezes até com o carácter de um ordálio humilhante, para não pagar "em espécie" o favor de me reconhecerem a dita competência.
Ora, diga-se o que se disser, a poucos homens isso terá acontecido, aí está uma "experiência" de que se fartam de falar sem nunca lhe terem provado o sabor, não pessoalmente pelo menos. Haverá casos, casos sempre há, mas que por muitos que sejam serão sempre excepções a confirmar a regra. O que não os impede de perorar sobre o assunto, e mais sobre o feminismo histérico e os bons tempos que já lá vão. Só se fosse para eles.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

Provas de fogo, sei o que são. E se existem mulheres presentemente a fazer o trabalho que eu fazia, foi porque o fiz sempre e durante mais de 40 anos, melhor do que os meus colegas homens, e propus darem seguimento ao critério de escolha. Dou muito, mas muito valor à competência, mas a moda das quotas estragou muita empresa. Promoverem-se pessoas porque tinha de se preencher quota! Que disparate. E muito boa gente f/m se valeu disso. É aqui que eu quero chegar, eu que não duvido de modo algum da superioridade feminina, apenas da falta de competência para X, Y ou Z, que obrigam a varrer para debaixo do tapete... porque há a quota.
Tenho cá para mim que a prezada Zebra não chegou nem de perto bem de longe a entender o meu ponto de vista. Despoletei a mina do feminismo e pum!
ZEBRA 15.05.2025

A mina do feminismo foi despoletada, tem toda a razão. Sinto que é quase uma obrigação minha defender (objectivamente!) as mulheres, quanto mais não fosse pensando nas "minhas" mulheres, da minha família, nas ascendentes que tão injustiçadas foram mesmo sem o saberem, e nas descendentes que tão injustiçadas serão se não puserem os pés à parede enquanto é tempo. Porque o mundo tal como está tanto pode avançar como regredir, nada é nem está seguro, porque nem a mais elementar decência foi deveras interiorizada.

Mas a mina do feminismo não foi despoletada pela prezada Maria Dulce, porque seria? Creio que compreendi o seu ponto de vista, não é aliás a primeira vez que abordamos este tema. A mina despoletou foi pela conversa machistóide que lhe veio logo atrelada em "resposta", não perdendo a oportunidade de exprimir os seus agravos, realçando em tom de chiste que haja sempre homens horrorosos e mulheres santas; ou aproveitando para informar 'en passant' que a B.B. deixou de gostar de homens e passou a gostar de burros... Tudo argumentos de primeira água para provar não sei bem o quê, que as mulheres deviam estar em casa a coser meias em vez de escreverem livros? Ou que à B.B. um honesto macho humano já não lhe chega? É só requintes de elegância e subtileza no manda abaixo.
Maria Dulce Fernandes 15.05.2025

Acredito haver muito " macho" aziado por ter que responder a uma mulher Zebra. Sei como é. Se as minhas costas falassem, escreveriam uma novela de milhares de capítulos. A situação das quotas nas empresas veio preencher a grande falha de não se promoverem " galinhas" por serem... vamos lá a ver... " galinhas"? Era assim no meu trabalho. O critério era exactamente esse , 'onde existem galos, não cantam galinhas'. A dificuldade em abrir uma fresta no muro, foi tremenda, mas agora concordam que foi o melhor que aconteceu... pois.
Também se cometeram muitas injustiças, lá está "para preencher a quota", mas à medida que os velhos do Restelo saem , os que entram de princípio adaptam-se lindamente às situações.
Na situação da BB e dos burros, foi um tiro num pé, já que, tanto quanto se sabe a senhora não se pauta nem nunca se pautou por muitas das cores do arco-íris. Sempre lhe bastou a cor de burro quando foge.
ZEBRA 15.05.2025

Ora vê como nos compreendemos, embora nem sempre concordando?
Porque a inteligência é o que nos permite conhecer sem nunca ter experimentado, e o que nos torna capazes de distinguir o essencial do acessório. E eu tenho aprendido algumas coisas consigo, prezada Maria Dulce, das suas opiniões e experiências de vida que connosco partilha - e que têm até temperado algumas das minhas perspectivas, não me custa nada reconhecê-lo, pelo contrário.
Maria Dulce Fernandes 15.05.2025
Afonso Real 15.05.2025

Dona Zebra,
Machistóide não sei o que é.
Feminismo woke, senhoras sempre a cantarem o fado da desgraçadinha sei o que é.
Neste exemplo concreto se os homens são horrorosos qual a razão para a senhora escritora Perrain com 39 anos ter decidido engatar um macho com 70 anos? Um cineasta rico e famoso? Qual o nome que damos a esse tipo de pessoas?
Maria Dulce Fernandes 15.05.2025

Afonso Real, o fado da desgraçadinha, como lhe chama, provém da falta de reconhecimento das fazedoras de lares, que depois de um dia de trabalho ainda tinham a casa, o marido e os filhos para tratar. A quem as mães e avós não passaram por tudo isto, porque tinham ajuda doméstica, nunca compreenderá. Já para não falar da violência doméstica, que era, e infelizmente ainda é, um dado culturalmente adquirido.
Quanto à sra. Perrin ter casado com um homem mais velho, não vejo porquê fazer disso cavalo de batalha. Um homem com 70 anos não é um destroço. Não estará por aí uma pontinha de inveja a despontar?
ZEBRA 15.05.2025

Saber umas coisas e não saber outras é natural, não há ninguém que saiba tudo, não esteja preocupado com isso.

Pois quanto à Perrain, não sei o que lhe responda, mas tentarei, já que perguntou com tão bons modos.
Deixe cá ver que nome lhes daria, a ela, escritora, 39 anos... sei lá, "quarentona gostosa", como dizem os alegres brasileiros? A ele, 70 anos, cineasta rico e famoso, casou com uma quarentona gostosa... talvez "sortudo do caraças"? E assisado, apesar de quase matusalém, já reparou? Costumam preferir esse "tipo de pessoas" ali entre os 16 e os 18, pelo que concluo que a quarentona gostosona deve ter mais algumas qualidades que ele também aprecie, mas do pescoço para cima.
Afonso Real 14.05.2025

Em todos os países do mundo os homens pagam mais IRS que as mulheres.
É um facto.
Vá investigar o exemplo de Portugal.
Pode começar pela Assembleia da República o IRS cobrado aos homens é superior ao cobrado às mulheres, não será assim em todas as profissões mas no total é-o.
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

Quem tem um ordenado superior ou menor agregado familiar, é natural que tenha mais descontos. Eu, como sempre paguei mais IRS do que os meus colegas, por motivos idênticos, entendo assim a situação.

vasco Silveira 14.05.2025

Caros Senhores
Tristes tempos em que vivemos, quando ignorâncias (emotivas, morais, ...) pretensamente esclarecidas comparam racionalmente ( o seu "bobi" também o fará?) a maldade humana ( do ser racional) com a amoralidade animal ( não é boa nem má, é apenas animal).
É muito frequente hoje em dia ouvir-se esta comparação (pelos humanos, claro está), o que não revela grande coisa sobre a sua estruturamental não animal: humana.

Cumprimentos
Maria Dulce Fernandes 14.05.2025

Pois...

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