Lápis L-Azuli
Hoje lemos Mika Waltari, "O Egípcio"
Passagem a L' Azular: “Não há diferença entre um homem e outro, pois todos nascem nus no mundo. Um homem não pode ser medido pela cor da sua pele, ou pela sua fala, ou pelas suas roupas e jóias, mas apenas pelo seu coração. Um homem bom é melhor do que um homem mau, e a justiça é melhor do que a injustiça — e é tudo o que sei.»
É tudo o que todos devíamos saber, mas no final ninguém sabe coisa alguma. É tudo uma questão de coração ou da falta dele. E no fim é o coração que dita o último caminho.
O coração, que contém um registo de todas as acções do defunto na vida, é pesado contra a pena da deusa Ma’at. Esta pena é o símbolo da verdade e da justiça e ajuda a determinar se a pessoa falecida é realmente virtuosa. Se o coração for considerado mais pesado do que a pena, é dado de comer a Ammut, o "Devorador", e a alma é lançada na escuridão. Se a balança estiver equilibrada, o falecido terá passado no teste e será levado até Osíris, que o receberá no além. Aqueles que estão preocupados com este teste podem recitar um feitiço do Livro dos Mortos inscrito no seu amuleto de escaravelho de coração, para evitar que o seu coração os "traia".¹
E onde é que param os amuletos de escaravelho? À falta de melhor, pode usar-se um amuleto de louva-a-Deus? É que se não tratarem de remediar com as mezinhas do livro sagrado as pesadas "traições" do coração, Ammut, o Devorador vai seguramente tirar a barriga de misérias e ter sucessivas indigestões.
¹ Se se fizesse em Portugal um teste deste tipo aos senhores e senhoras que se sentam na AR, aposto que os assentos parlamentares reduziriam substancialmente, se não na totalidade.