Lápis L-Azuli
Na senda de Hatshepsut
Hoje lemos: Kara Cooney, "When Women Ruled the World".
(Excelente leitura. Não encontrei em português. A passagem foi traduzida por mim)
Passagem a L'Azular: "Não é surpresa que as mulheres precisem de trabalhar a dobrar para provar o seu direito ao poder. Precisam de olhar para os homens que as rodeiam que podem apoiar a sua reivindicação, em vez de a prejudicar — para os seus pais e patriarcas, e não para os seus maridos e amantes. Devem esclarecer um público desconfiado de que não são gananciosas e coniventes, sedentas de poder em seu próprio benefício, mas preocupadas com o sucesso de uma vasta faixa da sociedade. Como se pode fazer isto, a não ser minimizando de alguma forma a sua própria ambição, ou submetendo o seu poder ao de um associado do sexo masculino, ou permitindo-se ser interrompida em reuniões importantes, ou pedindo desculpa mais do que os seus colegas do sexo masculino, ou parecendo mais hesitante em as suas decisões? fazer ou não candidatar-se a cargos e promoções para os quais ela acha que não está qualificada? Uma mulher raramente é felicitada por querer mais, por ir mais alto. As mulheres sabem exactamente como a sua ambição é percebida pelo público, e devem velar as suas tentativas de poder numa faixa calorosa e aconchegante de verborreia não agressiva e não ameaçadora, sorrisos deslumbrantes, cabelos coloridos e um olhar calmo e firme, até maternal, sem mostrar a cabeça muito empinada, mas também não muito baixa. Não é surpresa que as mulheres de hoje raramente se candidatem a altos cargos políticos de autoridade se tiverem de passar por uma série de abusos que analisam a sua aparência, comportamento, idade, peso e passado sexual, ao mesmo tempo que caminham na corda bamba de exigências tácitas de masculinização."
Hatshepsut foi uma notável e próspera faraó por mais de duas décadas.
Para ser aceite pela hierarquia, teve de se tornar um homem como os outros. Entendo-a tão bem porque "uma mulher raramente é felicitada por querer mais, por ir mais alto". Pior ainda se uma mulher consegue atingir o almejado patamar, no topo da carreira... uma coisa posso dizer com a certeza da própria experiência, os homens são mil vezes piores na arte da maledicência do que as congéneres alcoviteiras no feminino.
Felizmente houve alguma evolução, como refere o último parágrafo, que mesmo assim não é a suficiente, mas se houver continuidade, chega-se lá. Em sendo demonstrada a sua inequívoca competência, não será jamais necessário a uma mulher ser um homem como os outros.