Lápis L-Azuli
Hoje lemos: Miguel Torga, "Contos da Montanha".
Passagem a L-Azular: “As labaredas não tinham parança. Sôfregas, corriam à porfia sobre o palhiço. Depois, lambido o chão, chegavam-se à casca dos pinheiros, agarravam-se a ela e trepavam pelos troncos acima como cobras. No alto, na rama, era duma bocada só.”
É o fogo, cru na sua essência. Na guerra do fogo, possuir o segredo da sua luz, calor e destruição, era símbolo de força e liderança. De engano também, porque em milénios de civilização, os homens apenas conseguir dominar verdadeiramente outros homens. O fogo continua igual a si próprio, fulgurante, selvagem, destruidor, assassino e caprichosamente indomável.
Torga pô-lo a nu como ninguém.