Lápis L-Azuli
Hoje lemos: Mario Vargas Llosa, "O Falador".
Passagem a L-Azular: "O tipo de decisão a que chegam os santos e os loucos não é revelada aos outros. Forja-se aos poucos, nas dobras do espírito, tangencialmente à razão, protegida dos olhares indiscretos, sem procurar a aprovação dos outros – que jamais a concederiam – até que finalmente seja posta em prática. Imagino que no processo – a concepção de um projeto e seu amadurecimento em ação – o santo, o visionário ou o louco se isolam cada vez mais, fechando-se na solidão, a salvo da intrusão de outros."
Imaginemos que o cérebro é uma lata de feijão frade. Está fechada, inviolada, estanque. Ninguém sabe o que o dono da matéria que reside no interior desse crânio/lata de feijão pensa na realidade, pois nada, nem um laivo de um átomo conseguiu dali transpirar. É um mistério para todo o mundo. E muito provavelmente para o próprio "santo, visionário ou louco", porque duvido que depois de todo o suspense consiga entender, como se tivesse seis anos de idade, o que está dentro da lata de feijão frade, e regozijar com o alcance da sua realização, como se a vida não passasse de uma constante Primavera.
(Imagem Google)