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Delito de Opinião

Lamento, mas parece-me que só estamos a ressacar

Teresa Ribeiro, 16.08.15

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Tenho-me perguntado  porque estará a procura interna a aumentar. Todos os economistas concordam que o crescimento da economia ainda não dá para gerar emprego, porque isso só acontece quando a taxa se aproxima dos 3%. Trata-se de uma verdade matemática, não ideológica, que explica porque tem razão a oposição quando diz que a descida da taxa de desemprego se deve sobretudo aos estágios do governo, ao sub-emprego, à emigração e ao enorme contingente que deixou de procurar trabalho.

A subida do crédito à habitação deixa-me estupefacta. Também aumentaram as vendas de carros.Vejo nos supermercados os carrinhos de compras mais cheios. Que pasa?!

Se éramos pobres, ainda mais pobres ficámos. A saída da crise pode constar da prosápia do governo e das suas folhas de excel, mas não se fez sentir nos bolsos dos portugueses. Olho à minha volta e o que vejo no comportamento dos que me estão próximos não é maior poder de compra, mas uma vontade irreprimível de regressar à "normalidade", isto é, ao consumo. Voltar aos pequenos e até grandes prazeres que dão gosto à vida tal como nos induziram a vivê-la, por uma questão de sanidade mental.

"Preciso mesmo de trocar de carro. Deste ano não passa. Não sei como o vou pagar, mas logo se vê"; "Olha, perdi a cabeça nos saldos. Agora estou cheia de remorsos, mas soube-me tão bem!"; "Andei, nos últimos anos, a adiar esta despesa, mas agora vai ter de ser" - é o que eu mais oiço à volta.

Se este aumento de consumo alguma coisa indica não é a putativa saída da crise mas apenas que a bolha voltou a encher. Devagar, devagarinho. Porque os mercados precisam, os bancos precisam e as pessoas precisam de meter consumo pr'á veia.

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