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Delito de Opinião

Já terá havido demissões no PCP?

Pedro Correia, 23.03.22

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Imagem da invasão soviética de Budapeste (1956)

 

Na última sessão desta legislatura que terá finalmente recebido ontem a extrema-unção, o PCP e o seu apêndice PEV - excluído da Assembleia da República, a partir de agora, por sábia decisão dos eleitores - voltaram a preencher a quota dos serventuários de Putin em Portugal. 

Lendo um papel, a nova líder parlamentar comunista, Paula Santos, pronunciou-se sem um sobressalto de consciência contra as sanções decretadas pela União Europeia à Rússia e contra o aumento das verbas orçamentais já anunciadas no espaço comunitário para as questões da defesa. 

A cessante parlamentar "verde" Mariana Silva apontou o dedo acusador não ao expansionismo imperialista de Moscovo mas a quem se opõe ao tirano russo. «Promover o armamento e as linhas belicistas é infelizmente o único caminho que os dirigentes da UE têm assumido», disse esta deputada, lendo também um papel.

Como se previa, nem uma nem outra ousaram esboçar a menor crítica a Putin, que em 24 de Fevereiro iniciou a destruição deliberada e premeditada da Ucrânia. À revelia do direito internacional, rasgando a Carta das Nações Unidas e a Acta Final da Conferência de Helsínquia, espezinhando a autodeterminação e a soberania do Estado vizinho.

 

Quando os blindados do Pacto de Varsóvia esmagaram a insurreição húngara em 1956, impondo ali o jugo soviético à lei da bala, uma onda de comoção sobressaltou muitos comunistas a oeste da Cortina de Ferro, chocados com este "direito de pernada" praticado por Moscovo.

Só em Itália, onde havia então o maior partido comunista da Europa Ocidental, surgiu de imediato o Manifesto dos 101, que congregava artistas, escritores, filósofos e políticos filiados no PCI contestando a brutalidade russa. Nos meses imediatos, 300 mil militantes abandonaram o partido em protesto contra o apoio da Direcção comunista à invasão da Hungria.

Pergunto ao vento que passa: quantos militantes do PCP já fizeram o mesmo nestas mais recentes semanas, trágicas para a Ucrânia, a Europa e o mundo?

O vento cala a desgraça, o vento nada me diz. 

Receio que não haja sequer um para amostra. 

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