Isto que nos tem
"Dificilmente escaparemos ao degredo do baixo crescimento sem que duas coisas aconteçam: concorrência que dê cabo da má gestão dos instalados (e, já agora, nós também pertencemos ao lóbi dos instalados se queremos manter as nossas pensões à custa de cortar drasticamente as daqueles que ainda não começaram a trabalhar); e políticas macroeconómicas assimétricas na União Europeia, vulgo a Alemanha aumentar os salários e promover a importação de produtos de países como Portugal. Ainda não ouvi melhor medida do que a que Roubini uma vez metaforizou: que Merkel desse um cheque de mil euros a cada alemão para passar férias no Algarve.
Se não tivermos isso, o que temos é isto. Isto que nunca mais acaba, esta matança lenta de uma sociedade exausta e rasgada, que consome o presente dos velhos e o futuro dos jovens. Não é isto que queremos mas é isto que temos. Ou, pensando bem, é isto que nos tem a nós." - Pedro Santos Guerreiro, na última edição do Expresso papel.