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Delito de Opinião

Injustiças

Diogo Noivo, 27.11.19

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Apresentou-se aos eleitores como “mulher, afrodescendente e gaga”. O partido pelo qual se candidatou confirmou que, de facto, era “mulher, afrodescendente e gaga”. E, para dissipar qualquer dúvida que pudesse existir, a comunicação social atestou repetidamente que a candidata era “mulher, afrodescendente e gaga”. Estas três características foram o alfa e o ómega do projecto político em apreço, com todos – candidata, partido, e órgãos de comunicação social – a resumir a mensagem ao sexo, à melanina e às dificuldades de fala.

Por isso, as críticas lançadas a Joacine Katar Moreira e ao partido LIVRE são manifestamente injustas. Eleita, a deputada é escrupulosa no cumprimento do seu programa eleitoral: é mulher, afrodescendente e gaga. Nunca um/uma candidat@ foi tão rigoros@ no cumprimento do que afirmou em campanha – julgo que esta é a forma correcta de escrever a frase na novilíngua vigente.

Ninguém quis falar de política, de ideias, de convicções. A definição de interesse público e a forma de o defender estiveram em parte incerta durante toda a contenda eleitoral. A comunicação política foi propositadamente centrada em aspectos inócuos, já que a síntese “mulher, afrodescendente e gaga” nada nos diz sobre a experiência, a competência e o discernimento da pessoa para o exercício de funções públicas. Por isso, exigir à deputada e ao partido coisa diferente é injusto.

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