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Delito de Opinião

Indignidade moral

Pedro Correia, 15.04.25

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Manhã de Domingo de Ramos: Vladimir Putin ordena aos seus esbirros para bombardearem Sumy, na Ucrânia. Com total desprezo pela vida humana. 

Dois mísseis foram lançados para o centro da cidade enquanto centenas de pessoas iam à missa. Morreram 34 civis e 119 ficaram feridos, alguns em estado muito grave. Sete dos mortos eram menores.

Ao contrário do que apregoavam os propagandistas da Casa Branca, nem a guerra na Ucrânia terminou em 24 horas nem há qualquer sinal de que tenha fim à vista. Continuam a ser ali cometidas as maiores atrocidades - pelo quarto ano consecutivo. 

Confrontado com este mais recente crime de guerra, Donald Trump voltou a poupar Putin: nem um esboço de crítica ao carrasco da Ucrânia. Começou por uma declaração tipo Miss Mundo, geral e abstracta, dizendo que «as guerras são horríveis». Depois limitou-se a chamar «erro» à nova acção criminosa do psicopata russo. E desviou logo a rota, lançando culpas sobre o seu antecessor na Casa Branca. Parece convencido de que a campanha presidencial norte-americana ainda não terminou, daí nunca abandonar a rasteira linguagem de comício. Dando a entender que o responsável dos massacres na Ucrânia é Joe Biden, não Putin.

Em contraste absoluto com a reacção imediata de Keith Kellogg, para quem o bárbaro ataque a Suny «ultrapassa qualquer linha de decência». Palavras dignas que o colocarão ainda mais à margem do processo negocial: Donald Trump, que detesta Zelenski e admira Putin, parece já não contar com o general para contactos com Kiev.

Em Washington, apesar de tudo, acende-se uma ténue luz de esperança. Congressistas republicanos começam a pressionar Trump para se mostrar sensível ao sofrimento ucraniano. É muito provável que este esforço esteja condenado ao insucesso. Mas se não falarem agora arriscam-se a ficar tão contaminados pela indignidade moral como ele.

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