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Delito de Opinião

Independências

José António Abreu, 10.11.14

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Seja qual for a posição que se tenha em relação à independência da Catalunha e à validade dos referendos em processos deste género (em especial, como o Pedro Correia salientou por alturas do realizado na Escócia, quando uma maioria pouco expressiva influenciada por uma realidade conjuntural pode forçar uma escolha sem retorno), convém não confundir as coisas: o que se passou ontem não foi um referendo; foi uma manifestação dos independentistas, a que mais de 60% dos potenciais votantes decidiu não comparecer. O governo de Madrid deve certamente reflectir sobre o facto de quase dois milhões de catalães se revelarem a favor da independência total e aceitar que o assunto tem raízes históricas demasiado profundas para ser empurrado para debaixo do tapete por via de preceitos constitucionais (se as Constituições tendem a garantir status quos frequentemente pouco saudáveis, usadas como grilhetas tornam-se obscenas) mas os independentistas deveriam fazer o mesmo sobre o facto, complementar e não menos significativo, de existirem cerca de quatro milhões que ou não se expressaram ou o fizeram defendendo alguma forma de ligação a Espanha. Desde logo, aceitando que decisões irreversíveis baseadas em questões de identidade cultural velhas de séculos não devem ser tomadas apressadamente, em época de crise económica - ou a questão da identidade cultural parecerá apenas um pretexto para conseguir mais dinheiro para a região; uma jardinice, digamos.

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