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Delito de Opinião

Impressões alemãs (37)

Cristina Torrão, 10.08.22

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O nosso Réveillon 2014 foi passado em Föhr, uma ilha no Mar do Norte, perto da fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca. O motivo principal foi a Lucy, que tinha pânico do fogo de artifício e como, na altura, já tinha dez anos, resolvemos experimentar uma das ilhas, onde se dizia não haver as habituais orgias de foguetes e petardos. Na noite de Ano Novo, o alemão mais pacato transforma-se num verdadeiro piromaníaco. O material pirotécnico compra-se em qualquer supermercado e, em 2013/2014, os cidadãos deste país gastaram cerca de 150 milhões de euros em foguetes, rojões e quejandos! A quantia aumenta todos os anos, embora tenha havido uma quebra, com a pandemia, mas, penso eu, será recuperada. Os foguetes começam a ser experimentados a partir do momento em que estão à venda (dois ou três dias antes da passagem de ano) e, na noite em questão, o seu lançamento estende-se por várias horas.

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Na verdade, as ilhas não são completamente livres desse hábito, mas bastante mais sossegadas. Valeu a visita, apesar dos dias curtos e de um vento fortíssimo e gélido, que meteria qualquer nortada portuguesa num bolso.

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A temperatura manteve-se positiva, entre os 5ºC e os 8ºC, o que, no Inverno alemão, é considerado ameno. Mas, e apesar de os cavalos da imagem não parecerem ter dificuldades, o vento era mesmo difícil de suportar, pelo que será de aconselhar o Verão para uma visita. O passeio de Ano Novo, à beira-mar, só era possível com bons agasalhos.

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A maior parte das casas tem os típicos telhados de cana seca. Trata-se de um tipo de cana especial, designada como sapê, ou sapé, no Brasil (designação dada a algumas plantas gramíneas do Brasil, cujos caules secos são usados como cobertura de casas). Em alemão é "Reet" e eu não encontrei melhor tradução. Se alguém a conhecer, agradecia a informação. Este tipo de telhado obedece a uma técnica especial, que hoje poucos dominam, e é muito eficiente, tanto no Inverno, como no Verão.

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Numa rua de Wyk, a maior localidade de Föhr, encontrámos a representação do marinheiro típico destas paragens.

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Uma igreja com o seu cemitério:

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Em Wyk, deparámos igulamente com este estabelecimento curioso, mas estava fechado e não cheguei a perceber se pertencia a gente portuguesa, ou a algum "fã de Portugal". Digo isto, porque conheci um destes "fãs", em Hamburgo, um cabeleireiro alemão, que denominou o seu estabelecimento com a palavra portuguesa. Quando lhe perguntei porque o fez, disse-me que, se muita gente denominava o seu salão de "friseur" ou "hairdresser", porque não podia ele denominá-lo de "cabeleireiro"? Tinha a sua razão de ser. Mas, na verdade, o homem tinha algumas dificuldades. Ninguém conseguia ler a palavra. E toda a gente que lá entrava lhe perguntava que raio de nome ele tinha dado ao salão!

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Passar-se-ia o mesmo com esta sapataria, em lugar tão distante e inóspito?

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