Impressões alemãs (34)
A ilha Poel, no Mar Báltico, está situada na baía de Wismar, ou seja, era território da antiga RDA. Tem uma superfície de 34,3 km² e, devido à sua proximidade da costa (cerca de 2 km) está ligada a esta por um dique, sobre o qual se construiu uma estrada.
Trata-se de uma ilha muito pacata, apesar de turística. A maior parte dos turistas concentra-se junto à Timmendorf Strand, a maior praia, mesmo que o clima nem sempre seja o mais favorável. Na verdade, é na costa do Mar Báltico que se contam mais horas de sol anuais, em território alemão, mas, quando lá estivemos, no final de Agosto, havia bastante vento.
Poel tem, no entanto, outros encantos. É um local sossegado, com muita agricultura, grandes propriedades e espaço para os seus animais. Ficámos hospedados numa dessas quintas, assim uma espécie de Turismo Rural. Os donos, já de certa idade, explicaram-nos que, à semelhança de outros habitantes da ilha, tiveram dificuldades em readquirir as propriedades que haviam pertencido às suas famílias, expropriadas a seguir à 2ª Guerra Mundial, pelo regime comunista. Viram-se obrigados a comprar aquilo que deveriam ter herdado. E, quando o conseguiram, deram com tudo num estado lastimoso, tendo ainda de investir muito dinheiro na sua recuperação.
Em Poel, os símbolos marítimos estão em todo lado, incluindo igrejas e restaurantes. Dei comigo a pensar que é raro ver casos destes em Portugal (eu, pelo menos, não conheço muitos), apesar de nos apelidarmos de "povo marítimo".
Sendo uma ilha pequena, e, apesar de ser alcançável de carro, as estradas são bastantes estreitas. Como as distâncias são curtas e o terreno é plano, o melhor, pensam muitos, é explorá-la de bicicleta.
Também assim fizemos e tratámos de arranjar uma solução para a nossa fiel companheira: um pequeno atrelado, já que a Lucy, apesar de o tamanho o permitir, não queria saber de ser transportada num cesto acoplado ao guiador da bicicleta.
Comprámos este atrelado, mas a Lucy também detestou. Mal a bicicleta se punha em movimento, começava a ganir, aumentando o volume em proporção à distância percorrida. Pensámos que ela se habituasse, mas tal não aconteceu. O melhor mesmo teria sido habituá-la desde pequena a esta modalidade de transporte.
Enfim, ela lá teve de aguentar a angústia que a atacava (não fazemos ideia qual e porquê) e nós o ganir incomodativo. Mas mantivemo-la connosco, o que, pensamos, é sempre o melhor a fazer com um animal de estimação. Quanto ao lindo atrelado... foi desmantelado, no fim das férias, e colocado no sótão, onde se encontra há dez anos.