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Delito de Opinião

Impressões alemãs (30)

Cristina Torrão, 22.06.22

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Quedlinburg situa-se a norte do Parque Natural do Harz e faz parte da lista do Património Mundial da UNESCO desde 1994. À semelhança de outras cidades alemãs pequenas, praticamente desconhecidas no estrangeiro, teve grande importância nos tempos medievais, ao tornar-se residência real (Königspfalz), no século X.

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Durante cerca de dois séculos, Quedlinburg tornou-se no local onde os reis germânicos festejavam a Páscoa e Henrique I decidiu mesmo ser lá sepultado. Tendo morrido em 936, o 1000º aniversário da sua morte, em plena época nazi (1936), foi um verdadeiro presente propagandístico para Heinrich Himmler, o chefe militar das SS. Himmler criou um verdadeiro culto à volta deste soberano medieval, chegando ao ponto de ser ele próprio considerado a sua reincarnação.

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Ao contrário de outras cidades alemãs, Quedlinburg manteve as suas características medievais, de ruas sinuosas e estreitas e pequenas praças, pois sobreviveu praticamente intacta à 2ª Guerra Mundial.

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Apesar disso, a sua herança histórica e arquitectónica esteve seriamente em perigo. Embora junto à fronteira entre as duas Alemanhas, Quedlinburg pertencia à RDA, que nada fez para preservar o centro histórico. Nos anos 1960, o governo comunista esteve mesmo em vias de o destruir completamente, a fim de criar uma grande praça central, rodeada dos típicos prédios de betão do regime. Apenas a falta de verbas evitou a catastátrofe.

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Numa visita à cidade, em 1990, o chanceler Helmut Kohl garantiu verbas para a restauração dos antigos edifícios. No entanto, e apesar de a Alemanha ser um país rico, a reunificação tornou-se difícil de comportar. Quando estivemos em Quedlinburg, em 2011, e apesar de o centro histórico estar já praticamente recuperado, havia ainda bastante que fazer. Vinte anos depois da reunificação, a decadência do regime comunista era ainda notória em certos cantos.

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Também o estado das igrejas deixava muito a desejar. Um dos grandes "pecados" dos regimes de inspiração soviética, alérgicos à religião, foi precisamente o abandono desses edifícios de importância histórica indubitável. Ainda hoje, a esmagadora maioria da população de Quedlinburg (assim como a das regiões pertencentes à antiga RDA), não professa nenhum tipo de religião.

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Passados mais de dez anos da nossa visita, esperamos que a recuperação de todos os edifícios históricos esteja concluída.

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