Impotência e ódio
Tenho consciência de que não posso fazer nada a não ser ver arder. Isso corrói cá dentro. Mistura uma enorme sensação de impotência com velhos rancores, pois assisto a mais do mesmo há décadas. Agora, com as alterações climáticas, os incêndios metem os de antigamente num chinelo. É tudo em bom, avassalador. E a minha mente, com requintes de masoquismo, começa a imaginar os detalhes. Os animais que morrem nesse inferno, os insectos, tão necessários ao nosso ecossistema. Quanto às vidas humanas perdidas ou destruídas nem há palavras.
Já me cansam as declarações de circunstância dos políticos. Todos os que ainda os ouvimos sabemos, com o saber da experiência feito, que para o ano, pelo Verão, repeti-las-ão de ar consternado para as câmaras das televisões. Houve reportagens que vieram a público sobre os negócios que se alimentam dos incêndios florestais. Calculo que não é fácil mexer nesse vespeiro, mas ainda não vi nada de consistente a ser feito contra estas redes criminosas. Também não vi nada de consistente a ser feito, a nível nacional, quanto à prevenção. Consistente é apenas a ideia que tenho de que uma vez passada a "época dos fogos", vai continuar tudo na mesma.